“O mundo mudou. Além de estarmos acostumados a lidar com problemas tradicionais como baixo crescimento econômico, produtividade baixa, inflação, juros altos, câmbio instável, insuficiência orçamentária e falta/deficiência de infraestrutura, novos desafios nos preocupam. O envelhecimento da população é um deles, assim como as mudanças climáticas e seus efeitos. Com tudo isso, o tempo de arrumar a casa passou para 2025”. Foi assim que a economista-chefe do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac, Patrícia Palermo, abriu o último Bom Dia Lojista do ano. Com casa cheia, o Sindilojas Regional Bento se prepara para encarar o próximo ano, projetando novas palestras com temas inovadores para o momento vivido.
Ao falar dos novos problemas que os gaúchos precisam enfrentar, Patrícia destacou que o Rio Grande do Sul é o estado que apresenta a maior proporção de pessoas com 60+ do Brasil (20,16%). “Isso tem um profundo impacto sobre a produtividade”, ressalta. “A economia gaúcha apresenta uma taxa de emigração semelhante a de outros estados da federação, mas tem uma grande dificuldade de atração de imigrantes. Isso se torna ainda mais problemático quando a taxa de óbitos supera a de nascimentos. Em 2027, já se estimava que a população do RS cairia sem a enchente. A enchente piora essa situação”, esclarece. Hoje, a evolução da população gaúcha é de 1,8%, enquanto a brasileira de 6,5%, impactando diretamente a produtividade do nosso estado. Outro ponto muito enfatizado pela economista se refere a educação. “Temos uma tragédia invisível que cobrará seu preço a médio e longo prazo”.
Patrícia comentou, ainda, que o mundo está crescendo 3,2%, conforme expectativa do FMI, ou seja, 0,6 pontos percentuais abaixo da média de crescimento pré-pandemia, o que impacta diretamente os países do mundo todo. Por outro lado, explica, o Brasil é um destaque porque passou a crescer mais, apesar de continuar abaixo do crescimento mundial. “O cenário é de muitas incertezas, ainda mais diante dos novos problemas. Mas nem tudo é ruim. Temos uma desinflação em curso, a recuperação das cadeias globais de produção e as boas safras agrícolas que se deram antes das enchentes”, pondera.
Segundo a palestrante, a economia está reagindo, muito em razão da grande injeção de recursos, ainda que parte sejam antecipações. Isso tem impulsionado, especialmente, o comércio e a indústria, refletindo na arrecadação. Mas as atividades ligadas ao turismo ainda estão rodando em nível muito menor do que o mesmo período do ano passado. “Vamos fechar o ano com crescimento na economia, sendo que o grande vetor é a agropecuária. Os desafios estão no médio prazo
A atividade econômica vai crescer em 2024 no RS, mas menos do que poderia ter crescido no ano. “A destruição de capital provocada pelas enchentes foi muito grande. O RS já enfrentava desafios estruturais relevantes. As enchentes acrescentam ainda mais desafios”, conclui.
O presidente do Sindilojas Regional Bento, Daniel Amadio, que também é vice-presidente da Fecomércio RS, enalteceu a importância do encontro, assim como a grande adesão diante do tema sempre relevante.
O que depende de nós nos nossos negócios?, segundo Patrícia Palermo
- Entender as mudanças de mercado (perfil do consumidor)
- Atender as necessidades dos nossos clientes
- Usar (bem)os canais de comunicação disponíveis
- Diversificar estrategicamente o mix
- Treinar pessoas (todas e sempre)
- Separar finanças pessoais e do negócio
- Usar estrategicamente o crédito
- Formar reservas
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