A trajetória do jornalista Fabiano Mazzotti como escritor é de pouco mais de uma década, mas longo já é o reconhecimento que ele adquiriu neste curto período de tempo. Talvez o principal deles ocorreu na noite de 26 de outubro, quando recebeu, na Câmara de Vereadores, a maior honraria do município, a Medalha Aristides Bertuol.
Mais do que honrado ao ganhar a distinção, proposta pelo vereador Paulo Roberto Cavalli (PTB), Mazzotti se sentiu agradecido. “Estou extremamente feliz por este momento único. A gente não trabalha pensando nisso, pensamos apenas em trabalhar, então tenho a humildade de agradecer por esse momento. Muito obrigado por valorizarem a cultura. Muito obrigado por olharem a atividade cultural como trabalho, isso nos enche de ânimo para seguir em frente”, disse o homenageado.
Embora nunca tenha ocorrido no campo físico, a relação de Mazzotti com Aristides Bertuol é afetiva. E não é só por causa da medalha que recebeu. Em 2016, ele lançou um livro sobre o empresário e piloto. “Aristides Bertuol – O Piloto da Carreteira Nº 4” é uma espécie de biografia do piloto e também empresário. Foi essa obra que o colocou em contato com a medalha pela primeira vez. “Eu tive o prazer de pegar a medalha número 1 na mão, entregue em 1983 para a viúva do Bertuol, a dona Elmira. Quando eu peguei ela eu senti seu peso, e hoje, passados cinco anos daquele momento, eu também recebo a medalha. Que ironia do destino”, brincou Mazzotti.
As obras do jornalista e também fotógrafo são impregnadas de espírito comunitário, valorizando além da cultura e costumes locais, a paisagem humana de Bento Gonçalves, muitas vezes estabelecendo com ela um vínculo coletivo na feitura de suas obras. É, por exemplo, o caso mais recente de seus livros, “130 + 1 – Bento Gonçalves em Preto & Branco”. Lançada neste mês, a publicação celebra os 130 anos da emancipação política da cidade com fotos de sua autoria, acompanhadas de textos escritos por 130 alunos da rede municipal de ensino, escolhidos num concurso cultural.
O resgate da história e da cultura da cidade através de seus livros, além dos serviços prestados por Mazzotti à comunidade, justificaram sua escolha para receber a outorga. “Você é um apaixonado por nossa cidade e por contar histórias do nosso lugar, e a história ninguém apaga”, comentou Cavalli durante seu discurso. O vice-presidente do Legislativo, Thiago Fabris, corroborou a fala. “Ao relembrar a cultura da nossa cidade, você representa nosso povo”, disse ele durante a solenidade na qual representava o presidente da Casa, Rafael Pasqualotto. Para o secretário da Cultura, Evandro Soares, a distinção encontra respaldo no significado das obras de Mazzotti. “Você tem uma visão agregadora, de empreendedorismo na cultura, uma generosidade em dividir a autoria das obras e de compartilhá-las com a sociedade. Todos seus livros são grandes porque foram concebidos para serem grandes, são um legado”, elogiou Soares, que representava o prefeito Diogo Siqueira.
É com esse olhar preocupado em referendar trajetórias que ajudaram a construir a história da cidade que o próprio Mazzotti pavimenta sua caminhada. Uma história, aliás, repleta de esforço e dedicação. O jornalista lembrou de seu empenho durante o lançamento de uma ExpoBento para ter visibilidade com o corpo empresarial da cidade. Estimulado por um convite direcionado a voluntários para dividir uma dança com um grupo de dançarinos cegos, Mazzotti se candidatou para a aventura. De cima do palco, vendado, foi enxergado pelos empresários. Esse era seu objetivo, ser percebido. “As obras precisam de patrocínio, o patrocínio é muito saudável porque empresta proteção ao lugar onde estamos. Muitas vezes, as pessoas da cultura não são enxergadas. Não fiquemos de olhos vendados para a atividade artístico-cultural que tanto enobrece nossa cidade. A vida é o que acontece agora enquanto se planeja o futuro”, disse.
A Medalha Aristides Bertuol é concedida apenas uma vez por ano pela Câmara de Vereadores. Sua outorga é concedida a pessoas, entidades e empresas que tenham se distinguido por suas ações em favor do município, e outras merecedoras do reconhecimento de Bento Gonçalves, assim como a visitantes ilustres. Além dos livros citados, Mazzoti é autor de “Bento Gonçalves em Foto e Poesia”; “Amém, Bento Gonçalves – Igrejas e Capelas desta Terra”; “Amazônia – Estradas D’água”; “O Livro do Capitel” e “Um Século Alviazul”.
Imagem: Divulgação