Outubro, já sabemos, é rosa. É o mês escolhido para as campanhas da prevenção do câncer de mama, estendendo-se as discussões sobre a saúde geral da mulher. Assim como em março, no mês de outubro a mulher entra em palco na narrativa social, e é bom que seja assim. Por um lado, reflete o progressivo espaço que a mulher vem assumindo na sociedade, por outro, revela quantas necessidades temos e o quanto precisamos de cuidados em saúde. Não que os homens não precisem, por isso vem, logo em seguida, o “novembro azul”.
O câncer de mama é o mais incidente em mulheres no mundo, com aproximadamente 2,3 milhões de casos novos estimados em 2020, o que representa 24,5% dos casos novos por câncer em mulheres. É também a causa mais frequente de morte por câncer em quase todas regiões brasileiras e em todas as décadas. As taxas de mortes femininas vêm aumentando*.
Isso nos aponta para a importância de cuidarmos da saúde, tanto homens quanto mulheres. No que se refere ao câncer, a detecção precoce por exames de rastreamento depende da consciência individual e coletiva, bem como do enfrentamento de barreiras culturais, que estão relacionadas à vergonha, culpa e até dos preconceitos que envolvem muitas doenças. Quanto às doenças crônico degenerativas (doenças do aparelho circulatório, cardíacas, hipertensivas, diabetes, entre outras), entra em jogo o autocuidado, a alimentação saudável e a prática de atividades físicas. Quanto ao alcoolismo, acidentes e violências, incluindo suicídio, temos de atentar para fatores comportamentais importantes como sofrimento psíquico, estresse, dependências químicas e tendência a situações de risco.
Todos esses elementos apontam para as causas psicológicas. Quais barreiras temos que enfrentar, dentro e fora de nós, para termos uma vida saudável? Como resistir às comidas saborosas, rápidas e ultraprocessadas? Como emagrecer? Como praticar exercícios com um cotidiano de trabalho intenso, num momento de crise econômica? Como lidar com o estresse no trabalho, no casamento e na vida familiar? Como enfrentar o preconceito e o medo de ter contraído uma infecção sexualmente transmissível ou desenvolvido um câncer?
São muitos os desafios e não há uma resposta mágica. Mas se quisermos encarar de frente nossas dificuldades, assumir nossa vida e nossa saúde para não nos arrependermos tarde demais, precisamos enfrentar essas questões fundamentalmente psicológicas. O autoconhecimento é uma ferramenta importante para esse processo. Através do autoconhecimento, podemos descobrir nossas potencialidades e capacidades. Podemos eleger novos mecanismos de enfrentamento de situações difíceis, podemos desconstruir rótulos e crenças limitantes sobre nós mesmos. Não costuma ser um processo fácil, pois nos coloca diante de nossas falhas e fragilidades, mas vale a pena. Esse processo pode ser empreendido de maneira individual, através da autorreflexão, técnicas para aumentar a autoconsciência, entre outras. Contudo, dependendo de cada trajetória de vida, que é única, o trabalho de psicoterapia pode ser de grande valia, quando realizada por psicólogos ou psiquiatras com adequada formação.
Tudo isso nos permite sair do automatismo diário, daquela tendência a obedecer a um padrão comportamental que foi fundado na nossa história de vida e empreender uma caminhada rumo à uma vida mais saudável e mais feliz.
por Conexão PSI