Em andamento na Serra gaúcha até meados de março, a safra de uva já rendeu à Cooperativa Vinícola Garibaldi 13 milhões de quilos do fruto. A quantidade representa quase a metade do que é esperado para este ano. Antes projetada para 30 milhões de quilos, a safra oriunda dos 430 associados da cooperativa deve ter uma ligeira quebra e finalizar na casa dos 26,5 milhões de quilos. A perda, de pouco mais de 10%, tem razão na estiagem, com a falta de chuva prejudicando o enchimento dos grãos.
Entretanto, a seca não trouxe prejuízo à qualidade das uvas. De acordo com o enólogo chefe da vinícola, Ricardo Morari, a sanidade do fruto está excelente. “Em função das poucas chuvas no período de colheita, a maturação tecnológica tanto para espumante como para vinho está muito boa, com boa graduação de açúcar e boa acidez”, explica.
As condições climáticas também acabaram antecipando a colheita de algumas variedades de uva branca. De parte das cepas utilizadas para a elaboração de espumantes, a cooperativa já recebeu todo o volume de Chardonnay e de Pinot Noir, por exemplo, e mais de 75% do volume de Prosecco. “Houve uma aceleração na maturação dessas uvas, então, para preservar a acidez, que é importante depois para o frescor dos espumantes, antecipamos um pouco a colheita”, esclarece o enólogo.
Mas outras variedades, como o Moscato Branco, apenas começaram a chegar à vinícola. Esse tipo de uva é uma das que compõem o preparo do Garibaldi Moscatel, que no ano passado saiu com o título de melhor espumante do Cone Sul do concurso chileno Catad’Or World Wine Awards, o mais importante da América Latina. “É uma variedade mais tardia, só deveremos ter todo seu volume até a metade de março”, projeta Morari.
Outras uvas que estão apenas começando a chegar para a vinificação são as tintas finas. A semana que passou registrou a chegada dos primeiros cachos de Merlot e Tannat. E, pelo padrão dos frutos, a expectativa é ter, novamente, matéria-prima para burilar grandes rótulos.
Imagem: NSC