Primavera no ar, o verão já se anuncia e, do lado de baixo do Equador, o calor remete a praia, piscina, acampamentos, rios e lagoas, ar livre (não vemos a hora!) e menos roupas, mais corpo à mostra, revelando as formas características de cada um. Muito mais leveza no ar… só que não! Bem, não para todos.
Para muitas pessoas anuncia-se um período de sofrimento (mais sofrimento…) e constrangimento em função de condições físicas, estéticas, que não correspondem aos ditames sociais e do marketing de vendas. De vendas de procedimentos estéticos, de estilos de roupas, de padrões de beleza, de comportamentos sociais, etc, etc.
É sabido que o ser humano está sempre em busca de aprovação, de forma mais ou menos explícita, mais ou menos consciente. Mas sentir-se à vontade e seguro socialmente, num grupo, entre seus pares e diante de estranhos, é uma necessidade, algo que desejamos muito.
Nesta época vemos o aumento na busca por procedimentos estéticos, por atividades que modelem o corpo para as experiências do calor. Pois bem, não há nenhum problema em procurarmos estar bem, saudáveis, com uma boa autoestima. No entanto, uma boa autoestima não se fundamenta apenas no aspecto físico. O que alertamos e colocamos em pauta é o que motiva a buscar esse padrão? O desejo de “estar bem” é nosso ou da grande massa que dita os padrões aceitáveis?
A intensidade na busca por procedimentos que melhorem nosso visual, muitas vezes, denuncia desequilíbrios e desajustes emocionais, e esse é o alerta! Não são poucas as vezes que as pessoas se submetem a procedimentos estéticos invasivos, em estabelecimentos duvidosos e com profissionais inabilitados, sofrendo sérias consequências à saúde que, por vezes, se estendem para toda a vida.
Que tamanha necessidade de aprovação do ser humano o faz colocar em risco sua saúde a até sua vida, para parecer fisicamente perfeito ou mais adequado a padrões que são mutáveis ao longo do tempo?
Aqui encontramos uma característica muito própria do ser humano, desde sua idade mais tenra, a necessidade de aprovação e afeto garantidos, como condição de vida, de vida física e psíquica. Desde bebês buscamos o olhar materno, na amamentação, durante as brincadeiras e experimentações que demonstram nossas habilidades e coragem, quando não nos sentimos bem, quando doentes ou machucados. O olhar que aprova e cuida é condição de saúde física e mental.
A intensidade de nossa preocupação com aprovação a qualquer custo pode estar ligada às nossas experiências infantis e adolescentes, buscando a condição de sobrevivência: atenção, aprovação, amor. Uma certa consciência a este respeito pode nos auxiliar a tomar decisões com maior responsabilidade, focando na saúde, sem riscos grandes e desnecessários.
A pessoa que somos é muito mais do que um corpo físico nos moldes padrão. Somos seres complexos, capazes de viver o prazer do convívio, da descoberta dos valores do outro e dos nossos. Podemos oferecer afeto, amizade, cuidado. Não é necessário nos reduzirmos apenas à dimensão física. Busquemos saber mais a nosso próprio respeito, valorizando integralmente quem somos.
E para quem ainda ficou com dúvida sobre como ter um “corpo de praia”, a resposta é elementar: tenha um corpo… e vá à praia! Vá para onde quiser! Seja feliz!
Imagem: Vogue
BPW – CONEXÃO PSI