Nesta quinta (14) e sexta-feira (15), a Cooperativa Vinícola Aurora recebeu a Organização Internacional do Trabalho (OIT) para apresentar algumas das ações que tem realizado junto às 1,1 famílias associadas para auxiliá-los nas contratações diretas de temporários na safra e em outras medidas que garantem o trabalho decente na vitivinicultura.
O encontro foi uma das três agendas desta semana em que a Aurora debateu o tema. Na terça-feira (12), a cooperativa recebeu em sua sede os desembargadores e presidentes do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª região (TRT4), e, na quinta (14), participou de uma conferência setorial com o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho.
O coordenador da Área de Geração de Conhecimento Para Promoção do Trabalho Decente do escritório da OIT para o Brasil, José Ribeiro, visitou propriedades de cooperados, nas localidades de Faria Lemos, Vale Aurora e Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves (RS), onde pode observar in loco a realidade da produção de uvas e os desafios da contratação rural.
Ribeiro conta que a OIT estuda muitas cadeias produtivas em busca de conhecimento aprofundado para poder entender e ajudar de forma correta os diferentes setores. Ele revela que a experiência em Bento Gonçalves (RS) foi interessante para que entendesse de forma prática a realidade da vitivinicultura gaúcha. Durante a passagem na região, o coordenador também frisou a importância da uva e do vinho para o país.
“Fizemos um reconhecimento de campo, falando com os produtores e entendendo algumas de suas dificuldades. Ao mesmo tempo, vimos toda dinâmica que envolve a cadeia produtiva, desde a parte da agronomia, do manejo e como são as logísticas da colheita e do escoamento de produção. Tudo isso vai nos ajudar a ter um aprimoramento no estudo da cadeia produtiva, para que possamos colaborar com o setor na promoção do trabalho decente. Que esse setor, que é muito importante para a economia brasileira, continue promovendo trabalho decente e justiça social para todas as pessoas”, enfatizou.
Na quinta-feira (14), coordenador da OIT ainda acompanhou a “Conferência sobre as Ações Pactuadas e seus Efeitos Preventivos sobre o Setor”, em Farroupilha (RS). O encontro promovido pelo Mistério do Trabalho e Emprego (MTE) com entidades setoriais e empresas e profissionais da vitivinicultura debateu os resultados do pacto pelo trabalho decente, assinado em maio e o qual a Aurora está entre as empresas signatárias.
Ministro afirma que setor pode servir de farol para outras cadeias
O presidente da Aurora Renê Tonello, o gerente Agrícola Maurício Bonafé e consultor de sustentabilidade Felipe Bremm também participaram na quinta-feira (14) do encontro com o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho. A reunião com representantes da cadeia vitivinícola apresentou os avanços práticos do acordo de boas práticas para promover o trabalho decente e de aperfeiçoamento das relações e condições trabalhistas.
O pacto estimula a negociação permanente sobre condições de trabalho, resolução de conflitos e o fortalecimento de mecanismos de diálogo entre a administração pública, empregadores, trabalhadores e a sociedade civil.
Na conferência, o ministro elogiou as ações realizadas pelas vinícolas, viticultores e entidades e disse estar feliz em ver todas as medidas práticas realizadas para a próxima safra. Reforçou ainda a política orientativa do órgão perante às fiscalizações, mas deixou claro que, caso as leis não sejam cumpridas, poderá haver penalizações e responsabilizações.
“Estou feliz de voltar e ver que estamos colhendo os frutos daquela primeira plantação que fizemos. E para colher não basta plantar, tem que plantar, regar e cuidar, e é isso que está sendo feito e precisamos que seja reforçado daqui para frente, para que a colheita seja maior nos próximos anos”, disse Marinho, em alusão as ações realizadas a partir da assinatura do pacto, em maio, para garantir o trabalho decente e seguro na safra de uvas.
Filho de agricultores, Marinho compartilhou sua trajetória no campo, mostrando que muitas situações do passado não se enquadram mais na sociedade atual. Ele enfatizou que o mundo mudou e que os setores da economia precisam ter sensibilidade e responsabilidade perante suas atividades.
“Agradeço por vocês terem aceitado nossa provocação de trabalharmos pela solução. Agradeço que vocês assumiram a responsabilidade e estão fazendo. O setor do vinho pode servir de exemplo para mostrar para outros setores do país, dar um efeito farol para outras atividades econômicas”, elogiou.
Durante sua fala, o presidente da Cooperativa Vinícola Aurora, Renê Tonello, reafirmou o compromisso da companhia com trabalho decente na safra de uvas e lembrou da importância social, cultura e econômica da organização junto aos seus 1,1 mil produtores da agricultura familiar, aos 540 funcionários e a região.
“Assinamos o pacto e estamos fazendo o trabalho para que a safra transcorra bem. A Aurora não deixará de cumprir as leis. Além disso, neste ano, estamos trabalhando amplamente as questões de Boas Práticas Agrícolas, compliance e ESG junto aos cooperadores, funcionários e parceiros”, reiterou Tonello.
Desembargadores do TRT4 elogiam iniciativas da Aurora
Na terça-feira (12), a Cooperativa Vinícola Aurora apresentou as ações voltadas às boas práticas trabalhistas aos desembargadores e presidentes do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª região (TRT4), Francisco Rossal de Araújo (gestão 2021-2023) e Ricardo de Almeida Hoffmeister Martins Costa (2023-2025).
O atual presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª região (TRT4), Francisco Rossal de Araújo, destacou a Aurora como um patrimônio do Rio Grande do Sul e do país que precisa ser valorizado e preservado. Ele mencionou a maturidade e a coragem da cooperativa em estabelecer um programa robusto de boas práticas trabalhistas que garante a sua sustentabilidade.
“A Aurora está dando um grande passo para aperfeiçoar suas relações trabalhistas e se tornar um exemplo para todo o setor vitivinícola. É importante essa demonstração de seriedade e de comprometimento, com a observância da legislação do trabalho no Brasil. A Aurora, como líder deste processo, serve de referência aos pequenos e médios produtores da região de que é possível fazer essa transformação”, relatou.
Foto: Camila Ruzzarin