O Núcleo de Riscos Geológicos de Bento Gonçalves segue com operações em andamento no Salão Nossa Senhora do Rosário, em Faria Lemos. O grupo realiza o detalhamento das áreas afetadas nos eventos climáticos do dia 1º de maio, determinando com exatidão suscetibilidades e riscos associados aos deslizamentos. No sábado (25) o espaço foi apresentado ao Governador Eduardo Leite.
Conforme o geólogo Lucas Rafael Noremberg foi constatado que a grande maioria dos pontos de ruptura dos deslizamentos de solo ocorreu entre as altitudes 500 a 400 metros. Cerca de 140 grandes pontos de deslizamentos, sem contar os menores, foram notificados entre 6h e 12h do dia 1º de maio, principalmente nas localidades de Faria Lemos, Eulália, Vale Aurora e Rio das Antas.
Foram registrados 84 bloqueios em estradas Municipais, 13 em Estaduais e 10 nas estradas federais. É realizado o trabalho de abertura das vias em uma ação conjunta da Prefeitura e Unidos por Bento, com CIC, Aearv e ASCOM. Equipes trabalham na ponte do Vale Aurora, Imaculada Conceição, ERS-431, Santa Lúcia, Linha Colussi, Santo Antoninho, Santo Isidoro, Eulália, Linha Alcântara, Salgado, Linha Buratti, KM2, São Pedro 71, Linha De Mari, São Luiz das Antas, Rosário, Linha Zemith, Vale dos Vinhedos, 40 da Graciema e São Valentin e outros pontos.
O grupo também realiza análise geológica das residências afetadas. 230 cadastros de famílias já foram realizados e o relatório das áreas está em execução.
Cerca de 56 profissionais, como engenheiros e geólogos, já contribuíram com o trabalho do Núcleo. São servidores da Vale, do CREA de Minas Gerais, GeroRio, Defesa Civil do Rio de Janeiro, Departamento de Recursos Minerais do Estado do Rio de Janeiro, GroundProbe, Hexagon, MecRoc – Mecânica de Rochas, Faculdade da Serra Gaúcha, Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo, Estado do Rio Grande do Sul, Bento Gonçalves e Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (IPURB).
Além disso, 02 radares geotécnicos e 06 instrumentos de monitoramento nas quatro principais áreas de risco foram instalados em parceria com as empresas GroundProbe e Hexagon. Os profissionais da Prefeitura foram treinados para seguir com o trabalho de monitoramento.
“Trouxemos os equipamentos com comunicação via satélite, instalamos tiltmetros também, que medem a inclinação angular do solo. Os dados são transmitidos remotamente para gente, e via internet. A gente acessa os dados. Qualquer movimentação que tiver do solo, chega um alerta para gente, e aí os geotécnicos da Vale se deslocam até o local e fazem uma inspeção visual”, destaca o engenheiro civil, Leandro Roque da Fonseca, que atua na empresa MecRoc.
Um equipamento importante também é o Water Pressure, equipamento que mede o nível da água no solo, e que também será instalado em ponto específico. “A importância de termos vindo foi de trazer a nossa expertise nesse tema em questão de análises de riscos geológicos. Viemos para compartilhar como voluntários. E a importância é difundir o conhecimento com a equipe local, Defesa Civil e geólogos locais, para dar continuidade nos estudos. Nós recebemos o chamado via UFRGS. Foi uma surpresa grande a quantidade de deslizamentos que ocorreram aqui”, ressalta o geólogo, Inácio Diniz Carvalho, gerente de geotecnia da Vale.
O profissional ainda salienta que “eu deixo para a população uma mensagem de perseverança, de ter fé em resolver os problemas, aprender com isso para não deixar acontecer de novo. Foi de suma importância implantar aqui um monitoramento geotécnico, uma cartografia, mapeamento dessas áreas de risco, para tirar as pessoas do risco e se preparar melhor lidar para outros possíveis episódios de chuva. É um aprendizado que fica”.
Para a Engenheira geotécnica, Juliana Ester Martins, “no início foi bem impactante, pela proporção da situação, mas aos poucos, junto da equipe toda, conseguimos designar os pontos mais importantes. Agora temos uma quantidade de informações bem grandes e relevante. A gente vê uma movimentação grande para os acessos das localidades, facilitando também o nosso trabalho.”
O Geólogo Cristiano Alves Nogueira ressalta que uma das maiores dificuldades que as equipes encontraram foi com a situação de acesso e também com as temperaturas baixas enfrentadas. “Nesse caso a comunidade foi importante, porque nos doaram toda vestimenta necessária. A população ficou muito atenta, atenciosa, entenderam a proposta das missões, visando a segurança deles próprios. O mais difícil foi a condição de acesso das regiões. É um trabalho importante sempre em conjunto com a Prefeitura, de Defesa Civil. O trabalho junto ao poder público tem sido fantástico, nos proporcionando todo o apoio que precisamos. É um legado que fica pra Bento”, finaliza.
O prefeito Diogo Siqueira destaca que “esse é um trabalho que vai ser de suma importância para ações preventivas e de auxílio para as comunidades. Temos reunidos no posto de comando profissionais de diversas partes do país com grande experiência que estão auxiliando nossa cidade”, destaca.
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