Um dos maiores nomes da Dança e do Teatro de Bento Gonçalves e região vai entrar em cartaz no Museu do Imigrante. A partir do dia 08 de novembro, “Corpo negro que baila” traz a trajetória artística de Moacir Corrêa, realizada pelo Movimento Negro Raízes e com apoio da Secretaria de Cultura, Museu do Imigrante e Associação Amigos do Museu do Imigrante (AMI).
Teatro e dança se mesclam na vida profissional de Moacir Corrêa. Sua trajetória dedicada a esses dois universos trouxe diversos reconhecimentos, tendo iniciado sua carreira na década 70, onde estudava na Escola Polivalente, onde dançou pela primeira vez, e em seguida foi convidado para participar de uma peça teatral natalina. Nesses dois momentos, nasceu o artista, uma arte em permanente construção e evolução, e sendo negro, conseguiu transcender mais ainda a cena cultural.
De lá para cá, Moacir Corrêa construiu uma obra, um legado, quebrando tabus, como coloca Marcus Flávio Dutra Ribeiro, organizador da mostra juntamente com Solana Corrêa. “Na área da Dança, Moacir vivenciou uma época em que ver ‘homem dançando’ era um tabu, e se tratando de um homem Negro, quiçá mais ainda, mas felizmente, sua inspiração e dom para a arte, foram acolhidos pela Escola de Dança Renascença de Rosane Vargas e após surge a sua mestra Cecy Frank, que lhe trouxe ensinamentos preciosos e o estimulou mais ainda”, destaca.
A partir da década de 80, Moa, como é conhecido, foi condecorado com os prêmios de Melhor Ator Coadjuvante, pela peça “O Pequeno Príncipe”, onde interpretou sete personagens; em 1986, pela peça “Deus”, de Woody Allen, recebeu o Troféu de Melhor Espetáculo, Figurinista e Menção Honrosa de Direção, entre outros. Ainda, com a criação de um personagem africano, iniciou pesquisas sobre a Cultura Africana, o que lhe trouxe a oportunidade de palestrar sobre a temática em espaços educacionais sobre o assunto. Já na década de 90 e 2000 recebeu diversas premiações na área da Dança como o 1º lugar em Dança Contemporânea / Vanguarda– IV Encontro Latino Americano de Danças, Medalha 1º lugar- Dança contemporânea- Solo Greta- Bento em Dança, para mencionar algumas condecorações.
Outros destaques de sua trajetória pode-se aludir a viagem à Cuba para ministrar aulas na Escola Nacional, ter participado de edições da Fenavinho e de Natais de Bento Gonçalves, a criação junto com Cecy Frank do Centro Integrado de Artes Cênicas para atender crianças de baixa renda com aulas variadas de dança e teatro, e o Bento em Dança, esse começou como aluno e se tornou professor convidado para lecionar Oficinas de Dança Moderna e Alongamento.
Solana Corrêa evidencia a pluralidade de Moacir em diversas frentes culturais e artísticas. “Em sua trajetória exitosa dentro da arte, ministrou aulas de Teatro e Dança, criou grupos artísticos, realizou palestras, participou como jurado em concursos e Festivais, como dançarino, como coreografo, como professor, ator e diretor, viajando para muitas cidades. E também para o exterior, em busca de conhecimento, aprimoramento para sua inspiração na arte”.
E Moacir está na ativa. Atualmente, ele está com 62 anos e continua com a profissão de artista cênico. Ele ministra aulas de dança e teatro em Festivais da área, coreografa casamentos e aniversários. Há 17 anos leciona aulas de Dança Moderna e Contemporânea e de Alongamentos no Espaço Via Ativa de Dança. “Antes eu dava aulas de segunda a segunda, porém com a pandemia eu procurei diminuir um pouco a minha carga horária e depois eu já cheguei aos 62 anos e acho que tenho que respeitar as minhas limitações. Mas ainda tenho energia para estar na ativa”, celebra Moacir.
“Corpo negro que baila” traz um significado muito especial.
“Quando a minha sobrinha Solana Corrêa me convidou para montar esta exposição, eu já estava reunindo todo o meu material para compilar a formatação de um livro já que possuo em meu acervo uma série de fotografias de espetáculos, festivais de teatro, de dança, enfim, tudo o que eu poderia usar para contar o que eu vivenciei e criei nas artes nestes quase 50 anos fomentando a cultura e arte nesta região serrana, e fora dela também. Solana me falou que seria interessante expor neste momento toda esta trajetória desta longa carreira artística”.
O Secretário de Cultura Evandro Soares expressa sua admiração pela trajetória de Moacir Corrêa.
“A comunidade aplaude de pé o Moacir Corrêa. Seu talento, sua sensibilidade, sua garra, são um exemplo para todas as gerações culturais e artísticas. Estamos muito felizes de conhecer mais deste baluarte que tanto fez por Bento Gonçalves e região e a mostra vem proporcionar sentimentos de admiração desta vida rica e plena de realizações. Moacir Corrêa é um grande artista!”.
Para a idealizadora do Bento em Dança, Erci Grapiglia, falar do Moacir Corrêa é um tema muito feliz
“Falar do Moacir fico muito feliz. Pois o Moacir é um dos pioneiros em Bento Gonçalves. Ele teve melhores mestras que alguém poderia ter como a Cecy Frank. Muito preparado para a dança, com um destaque muito grande. Para Bento Gonçalves, ter o Moacir é relevante para a cultura. Além de tudo isso, é uma pessoa que tem uma integração muito boa com todas as escolas de Bento. Nos 20 anos conseguiu reunir todas num único espetáculo no Bento em Dança”.
A exposição “Corpo Negro que Baila” faz parte das atividades do Mês da Consciência Negra no município e em breve serão divulgadas outras.
Serviço
O que: exposição fotográfica de Moacir Corrêa “Corpo negro que baila”, organizada pelo Movimento Negro Raízes
Vernissage: 08 de novembro, às 19h
Período de visitação: de 09 a 29 de novembro
Onde: Museu do Imigrante – Rua Herny Hugo Dreher, 127, bairro Planalto
Horário de visitação: de terça a sexta-feira, das 8h às 17h, e nos sábados das 8h às 12 e das 13h às 17h
Foto: Assessoria de Comunicação Social Prefeitura