A Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) recebeu, esta semana, resultados preliminares de 101 amostras coletadas durante esta safra 2021/2022 para análise de presença de 2,4-D em culturas sensíveis. As análises apontaram a presença de herbicidas hormonais em 88% das amostras. O Laboratório de Análises de Resíduos de Pesticidas (LARP) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) ainda deverá entregar à Secretaria laudos referentes a outras 19 coletas.
Na safra de 2019/2020, foram 85% de contaminações identificadas em 176 coletas. Em 2020/2021, 70% das 204 análises deram positivo para a presença de herbicidas hormonais. Quanto à concentração do Ingrediente Ativo hormonal nas amostras, estas variaram de identificação, no limiar detectável (traços) até a concentração de 40,33 mg/kg.
As ocorrências de derivas recebidas pelo canal oficial da Seapdr são encaminhadas às equipes regionais de fiscais estaduais agropecuários engenheiros agrônomos, que realizam o procedimento fiscal de averiguação das condições de aplicação e possíveis origens da deriva. As coletas para identificação do Ingrediente Ativo são encaminhadas ao LARP da federal de Santa Maria, para análise.
Durante as ações de atendimento dessas ocorrências, os fiscais da Seapdr observaram que a maioria é ocasionada por deficiência ou má regulagem do equipamento de aplicação, bem como a inobservância às condições climáticas no momento de efetuar o tratamento fitossanitário.
“Pequenos detalhes, como o tipo de ponta recomendada na aplicação de agrotóxicos hormonais, pressão de serviço do pulverizador e velocidade do vento no local podem fazer toda a diferença em causar ou não a deriva. Isto causa prejuízos às culturas que não são o alvo do herbicida e também para o agricultor que aplica, pois tem prejuízo pela perda do produto, sanções fiscais e ações indenizatórias”, avalia o diretor do departamento de Defesa Vegetal da Seapdr, Ricardo Felicetti.
O uso de herbicidas hormonais é permitido e sua utilização se dá, principalmente, durante o pré-plantio de diversas culturas, para controle de plantas infestantes de folha larga. “Seu uso dentro das recomendações técnicas de aplicação é seguro, mas, quando usado sem preparo técnico ou displicentemente, pode gerar deriva do produto e causar grandes prejuízos às culturas atingidas. Especialmente as de grande investimento de implantação, como maçã, videira e oliveira, importantes culturas na diversificação da produção gaúcha e que geram trabalho e renda para milhares de pessoas”, conclui Felicetti.
Cerca de 420 municípios do Rio Grande do Sul cultivam a soja, totalizando 6,11 milhões de hectares na safra 2020/21.
Foto: Luciane Rubim