Quando Rogério Capoani assumiu o Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG), em janeiro de 2020, sua personalidade ponderada já era conhecida nos meios político e empresarial, e ainda durante a solenidade de posse o termo diplomático apareceu para definir o perfil do 52º mandatário da casa. A observação, feita pelo então prefeito Guilherme Pasin, sobre uma das principais qualidades de Capoani não apenas foi precisa como pode ser considerada o fio-condutor de sua gestão à frente do CIC-BG. Aliado a isso, determinação e coragem.
Ao longo dos dois últimos anos, foi assim que ele conduziu os destinos da entidade. E eles ganharam contornos dramáticos com a chegada, logo em março, de uma crise mundial sem precedentes na história recente. A pandemia exigiu esforços proporcionais a seu tamanho para amenizá-la. “Não acredito em coincidências. Éramos as pessoas certas no momento certo”, diz o agora ex-presidente. Tão logo, portanto, a tal diplomacia de Capoani se manifestou. E fez a diferença. Através dela, ele agregou entidades, empresas e pessoas físicas para comandar um movimento coletivo de enfrentamento à pandemia, o Unidos por Bento.
O projeto ganhou evidência durante dois importantes momentos da pandemia. O primeiro esteve ligado a seu surgimento. Ainda antes de o primeiro caso ser notificado em Bento, a comunidade já estava colhendo recursos para ampliar a capacidade de atendimento na saúde do município. Em tempo recorde, com pouco mais de dois meses de trabalho, 40 leitos emergenciais foram erguidos junto à UPA no bairro Botafogo.
O outro surgiu junto ao momento mais crítico da crise, em março de 2021. No mês seguinte já estava em operação o consultório de atendimento imediato voltado aos trabalhadores com sintomas da covid, criado para aliviar a pressão sobre o sistema de saúde e conter a disseminação do vírus. Em quatro meses de atendimento, o consultório realizou 648 atendimentos para 70 empresas, sendo identificados 56% de casos positivos para covid. Apenas 1,5% desses casos com atendimento até o quinto dia – ou seja cinco pacientes – precisaram de hospitalização, sendo todos recuperados.
Um outro trabalho envolvendo o combate à pandemia também ganhou notoriedade na gestão de Capoani. O desenvolvimento de uma plataforma para analisar o comportamento do contágio, tendo a hoje presidente do CIC-BG, Marijane Paese, à frente do projeto. O controle, realizado a partir de seu mestrado em Estatística, acabou sendo levado para uso da Amesne, diante de 49 municípios, oportunizando à região a reversão de bandeiras restritivas para mais brandas, no então modelo de distanciamento controlado do governo. “Sempre tivemos um foco muito voltado ao equilíbrio, ao tentar encontrar formas que nos permitissem, ao mesmo tempo, preservar vidas e empregos, sem radicalismos”, comenta Capoani.
Toda essa atuação rendeu até um prêmio a ele. O reconhecimento veio do próprio CIC-BG, com a outorga do troféu Dom Empreendedor, durante a cerimônia de posse de Marijane, no dia 2 de dezembro, entregue pelo instituidor da comenda e então presidente do Conselho Superior, Elton Gialdi.
Contribuições à indústria e ao turismo
Além da aplaudida atuação diante da pandemia, outros dois robustos projetos marcaram a passagem de Capoani na presidência do CIC, um para cada bandeira eleita por ele como objetivos de sua gestão. Para a indústria, deixou um profundo estudo a respeito das necessidades acerca da especialização da mão de obra para o setor. O trabalho, multidisciplinar, envolveu além do CIC-BG, o Bento +20, o poder público e a Universidade de Caxias do Sul (UCS).
Na área do turismo, apresentou a Rota dos Capitéis – Caminhos da Imigração e Fé. Em parceria com a prefeitura de Bento, o roteiro pretende, inicialmente, reunir diversas rotas em meio a capitéis, grutas, capelas e pequenas igrejas de cinco municípios. Além de Bento, estão envolvidas as cidades de Monte Belo do Sul, Santa Tereza, Pinto Bandeira e Garibaldi. No futuro, a ideia é que sejam 10 municípios e um roteiro de mais de 800 quilômetros.
Ações como essas estão sedimentadas numa das marcas de Capoani, a construção de soluções a partir da coletividade. Desde o início de sua gestão, Capoani criou 10 comitês para a discussão de pautas relacionadas a segmentos como indústria, infraestrutura e turismo. De ideias assim surgiram outro dos trabalhos de destaque, como o Observatório da Economia. Esse grupo, além de realizar estudos sobre cenários econômicos, analisou o comportamento do mercado de trabalho, com suas admissões e demissões, sendo um termômetro para acompanhar a movimentação dos segmentos econômicos durante todo período pandêmico – ou seja, até agora.
A coletividade também demarcou importantes acontecimentos dentro do CIC-BG, mesmo que na maior parte do tempo a pandemia tenha restringido a realização de eventos. Quando eles ocorreram, vieram com o carimbo da parceria.
Com o LIDE-RS, por exemplo, o CIC-BG fomentou um caminho para discutir as formas de impulsionar o desenvolvimento econômico e o turismo, com a realização de um Seminário e de um Fórum. No campo da infraestrutura, a entidade teve a CICS Serra como grande colaboradora, promovendo um painel com o senador Luís Carlos Heinze, o superintendente regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Hiratan Pinheiro Da Silva, e o analista de Infraestrutura do Ministério da Infraestrutura, Eduardo Rocha Praça.
Já com a CDL-BG e o Sindilojas, se uniu para oferecer um evento de atualização a fim de oferecer um panorama da retomada com o 1º Fórum Comércio e Serviços em Transformação. As parcerias com as federações, em especial a Federasul, e com a Assembleia Legislativa, primeiramente na gestão de Ernani Polo durante a primeira fase da pandemia, e com Gabriel Souza, na segunda, colocaram o setor produtivo em permanente diálogo com as esferas do poder no Estado, reforçando a habilidade de articulação de Capoani. O cuidado para manter a ExpoBento e a Fenavinho ativas, com ações promovidas no ambiente online, a promoção do Bento+20 no envolvimento das pautas da cidade e o alinhamento das parcerias com o poder público e com as entidades também vieram com a marca diplomática de Capoani.
Uma qualidade lembrada, novamente, por outro prefeito de Bento Gonçalves, durante a transmissão de cargo de Capoani para Marijane. Desta vez, o atual, Diogo Siqueira: “perdemos um gentleman e ganhamos uma lady”, disse, abordando os perfis de ambos os gestores.
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