A ONG Construindo Igualdade, de Caxias do Sul, trabalha no desenvolvimento de um banco de currículos para pessoas da comunidade LGBTQIA+. Intitulado Emprega LGBT, o projeto tem por objetivo auxiliar na empregabilidade de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, por meio da confecção de currículos, treinamento em ética profissional e contato com departamentos de RH de empresas parceiras na Serra Gaúcha. O serviço é gratuito e funciona ao público de segunda a sexta, das 13h às 17h, na sede da entidade (Rua Miguel Muratore, 427, bairro Medianeira).
De acordo com dados da agência de recrutamento Elancers, 20% das empresas que atuam no Brasil admitem não contratar pessoas da comunidade LGBTQIA+ por conta de sua orientação sexual e identidade de gênero. Não bastasse a dificuldade para conseguir uma vaga, 61% dos LGBTs optam por esconder a própria sexualidade no ambiente de trabalho por medo de demissão ou situações de preconceito, conforme levantamento da consultoria organizacional Santo Caos.
“Um emprego significa dignidade para qualquer pessoa. Por isso eu convido as pessoas LGBTs para que venham até a ONG e tenham seu currículo produzido na hora pela equipe do projeto. Depois disso, o material será encaminhado para as empresas. Também oferecemos um treinamento profissional, que dura uma tarde, com dicas de como se portar durante uma entrevista de emprego, que roupa vestir, o que pode ser dito”, resume Cleo Araújo, diretora da ONG Construindo Igualdade.
Nicole Rosa, 22 anos, é uma das educadoras sociais que atua no projeto Emprega LGBT. Ela é quem auxilia na confecção dos currículos. Mulher trans, Nicole tem propriedade para falar dos impactos do preconceito na hora de procurar emprego. “Para mim é muito importante ajudar outras pessoas LGBTs a conseguirem um emprego. Infelizmente, a transfobia é avassaladora em nossa região. Diversos recrutadores não dão sequer um retorno após a entrevista. Algumas vezes, a empresa gosta do seu currículo, mas diz que você não tem o perfil que eles procuram para a vaga. Sabemos porque isso acontece”, conta a educadora.
Retificação de nome
Além do banco de currículos, a ONG Construindo Igualdade reativou o serviço de assessoria jurídica para retificação de registro civil de pessoas transexuais, travestis e não binárias. O atendimento é feito gratuitamente pelo advogado Daniel Baldasso mediante agendamento prévio na sede da entidade. Somente em agosto, 38 pessoas LGBTQIA+ puderam modificar seus documentos de identidade. O processo leva em torno de 30 dias para ser concluído.
“A retificação de nome é uma conquista da comunidade trans. Acontece que, se a pessoa precisasse pagar um advogado particular para dar início ao processo, gastaria cerca de R$ 1,5 mil. Nós oferecemos a assessoria jurídica 100% gratuita. É só vir até a ONG, de segunda a sexta, à tarde, que as educadoras sociais orientam sobre a documentação necessária e agendam o atendimento com o advogado”, explica Cleo.
Oficina de artesanato
Estão abertas, até o fim de outubro, as inscrições para as oficinas gratuitas de artesanato natalino da ONG Construindo Igualdade. Os interessados podem se inscrever pelo WhatsApp (54) 99616-1413, diretamente com Cleo Araújo. As aulas são ministradas durante uma tarde, com agendamento conforme a demanda de alunos.
Nas oficinas, os inscritos aprendem a confeccionar duas peças artesanais com temática natalina. Uma delas será utilizada na decoração da Casa de Acolhimento LGBT mantida pela ONG; a outra pode ser comercializada pelo próprio artesão aprendiz, como uma alternativa para fonte de renda no final do ano.
Sobre a ONG
A ONG Construindo Igualdade é uma entidade sem fins lucrativos de Caxias do Sul (RS) que iniciou suas atividades em 2003, a partir da necessidade de organização da comunidade LGBTQIA+. Dirigida por Cleo Araújo, tem como missão combater qualquer tipo de discriminação e violação de direitos humanos em função da orientação sexual ou identidade de gênero, atuando para garantir o direito à cidadania plena e à livre expressão. Possui um histórico de atuação com pessoas em situação de vulnerabilidade, mulheres vítimas de violência doméstica e pessoas convivendo com HIV e AIDS, por meio de ações de assistência social, saúde, advocacia, educação, cultura e acolhimento.
Foto: Ronaldo Bueno