O tema “Descaminhos do vinho” foi um dos assuntos abordados na quinta-feira (10/8) durante reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Uva e do Vinho da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), que ocorreu de forma híbrida. O coordenador, engenheiro agrônomo Adeliano Cargnin, que também é pesquisador e chefe da Embrapa Uva e Vinho, de Bento Gonçalves, conduziu os trabalhos.
O executivo da Federação das Cooperativas Vinícolas do Rio Grande do Sul (Fecovinho), Helio Marchioro, falou sobre as ações conjuntas referentes ao tema “descaminhos do vinho”, ou a entrada ilegal da bebida no país, evitando a importação regular. Segundo a Receita Federal, o descaminho (artigo 334 do Código Penal) ocorre quando um produto que poderia ser importado regularmente é introduzido no país de forma ilegal. O vinho é um deles.
Marchioro disse que é reconhecido que existe o ingresso no Brasil por descaminhos, de um volume significativo de vinhos, principalmente vindos da Argentina. “As fronteiras do Brasil estão bastante vulneráveis, apesar de todo um trabalho que as forças públicas estão adotando para coibir essa prática. Ela é combatida pela Receita Federal, receitas estaduais, Vigifronteira (departamento dentro do Ministério da Agricultura e Pecuária – Mapa), polícias rodoviárias estaduais e federais, Ministério Público, entre outras instituições”.
Conforme Marchioro, essa atuação conjunta tem o objetivo de mitigar e coibir esse tipo de ação fraudulenta e criminosa que está sendo feita. “Porque esse produto que entra no país de forma ilegal não é identificado como genuíno. Não existe nenhum laboratório que hoje possa identificar sua origem. Então, muitas vezes as pessoas podem estar consumindo um produto de alto valor agregado que não é aquele que está no rótulo, ou seja, falsificado”, alertou.
“Esse problema envolve questões de saúde pública, evasão de divisas, pressão sobre o desenvolvimento da cadeia produtiva e do setor como um todo, de vendas, pressão sobre o consumo da uva, para baixo, pressão sobre preços”, comentou Marchiori. “E isso vai aniquilando toda uma cadeia produtiva, que gera centenas de milhares de oportunidades de trabalho e renda”.
Por sua vez, Cargnin, que foi eleito recentemente o novo coordenador da Câmara, afirmou que deseja que haja um engajamento propositivo das instituições que participam das reuniões para torná-la protagonista de fato. “Como um fórum de discussão e encaminhamento de pautas do setor produtivo da vitivinicultura do Rio Grande do Sul. Para isso, uma das primeiras coisas que a gente vai fazer é uma atualização dessas instituições e seus representantes. É preciso para que haja uma sequência nas discussões dos temas propostos”.
Palestra
A palestra “Elaboração de Vinhos Espumantes com uma única Fermentação” foi apresentada pelo enólogo e professor do Instituto de Ciência e Tecnologia de Alimentos (ICTA) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Vitor Manfroi. De acordo com ele, a produção mundial de vinhos espumantes no mundo é de 1 bilhão e 900 milhões de garrafas por ano. No Brasil, é de 27 milhões de litros anuais, um consumo de 125 ml por pessoa ao ano.
Manfroi explicou que, conforme a legislação brasileira, champanha (champagne), espumante ou espumante natural é o vinho cujo anidrido carbônico provém exclusivamente de uma segunda fermentação alcoólica do vinho em garrafas (método Champenoise/ Tradicional) ou em grandes recipientes (método Chaussepied/Charmat), com uma pressão mínima de 4 atmosferas a 20ºC, e com teor alcoólico de 10% a 14% em volume.
“O Vinho Moscato Espumante ou Moscatel Espumante é o vinho cujo anidrido carbônico provém da fermentação em recipiente fechado, de mosto ou de mosto conservado de uva moscatel, com uma pressão mínima de 4 atmosferas a 20ºC, e com um teor alcoólico de 7% a 10% em volume”, esclareceu Manfroi.
Foto: Fernando Dias/Seapi