Tal qual a pandemia, os eventos climáticos recentes que afetaram o Rio Grande do Sul tendem a deixar impactos duradouros quando o assunto é o cenário econômico. Na manhã de sexta-feira, 14/06, o assessor de investimentos da Sicredi Serrana Daniel Kurmann esteve na Associação de Pequenas e Médias Empresas de Garibaldi (Apeme) para um café da manhã com bate-papo sobre os impactos pós-eventos climáticos na economia.
Com experiência de 15 anos no mercado financeiro, Kurmann apresentou dados sobre os impactos iniciais percebidos na região de atuação da Sicredi Serrana, que envolve 23 municípios da Serra Gaúcha e Vale do Caí. Para isso, utilizou como parâmetro pagamento por cartões de débito e crédito, abrangendo diversos setores durante o mês de maio de 2024. O mais impactado foi o setor de eventos e turismo, com 47,39% de queda no número de transações, seguido pelo setor vinícola (queda de 44,64%) e pela rede hoteleira (queda de 17,21%). Os dois únicos setores que apresentaram dados positivos foram o comércio (+ 4,99%) e mercados (+ 9,01%). Na média, houve uma redução de 3,9% no número de transações através de cartões em maio nos municípios de atuação da Sicredi Serrana aqui no RS.
“Percebemos que setores como mercados e postos tiveram um ‘boom’ de vendas na primeira semana de maio em função do medo de desabastecimento. Na semana seguinte registraram queda e depois voltaram a um patamar considerado de normalidade”, detalha Kurmann. Já o setor de turismo e eventos sofreu com a generalização. “Para quem não vive aqui, ouvir na mídia que 90% do Estado foi afetado pelos eventos climáticos pode subentender que quase todas as cidades estão inacessíveis e inundadas. Quem está aqui sabe que não foi bem assim, que houve muitos danos, sobretudo estruturais, mas que, passados os primeiros dias de consternação e necessidade de reorganização, a maioria das cidades da Serra Gaúcha tem condições de receber visitantes”, comentou.
Kurmann também falou sobre o impacto no Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho. “Antes das enchentes se esperava um forte crescimento na casa de 5,5% por conta da recuperação da safra de grãos e da indústria. Agora, estima-se que o PIB deva crescer entre -2,5% e 0,5% em 2024. Tudo depende da velocidade da reconstrução do Estado e do repasse de recursos”, analisou.
As volumosas chuvas registradas durante o mês de maio no Rio Grande do Sul provocaram deslizamentos de terra e inundações que afetaram 2,4 milhões de pessoas em todo o Estado, com impactos em 478 dos 497 municípios gaúchos. De acordo com Kurmann, das cidades que figuram como as maiores economias gaúchas, seis tiveram situação de calamidade pública decretada. “Isso nos faz pensar que muitos impactos ainda serão sentidos em longo prazo”, finaliza.
Número de transações por cartão de débito e crédito*
Eventos e turismo: – 47,39%
Setor vinícola: – 44,64%)
Rede hoteleira: – 17,21%
Indústria: – 17,05%
Saúde/estética: – 11,45%
Restaurantes: – 8,36%
Serviços: – 7,22%
Postos de combustíveis: – 1,74%
Comércio: + 4,99%
Mercados: + 9,01%
*Dados de maio/24 em relação ao mês anterior. Fonte: Sicredi Serrana
Foto: Greice Scotton Locatelli