Realizado a cada dois anos em Monte Belo do Sul, o Polentaço mostrou o tamanho da saudade do público para com esse que é um dos mais queridos – e autênticos – eventos da Serra gaúcha. Cerca de 20 mil pessoas visitaram o município, entre sexta-feira (02) e domingo (04), para degustar as delícias do encontro que celebra a polenta como símbolo gastronômico da imigração italiana.
Além dos sabores, outros fatores contribuíram para a superação do recorde de público em sua 12ª edição. Pela primeira vez, o Polentaço teve três dias de programação – a noite de sexta-feira foi novidade neste ano. Quem visitou, encontrou um evento modificado em relação à última edição, realizada em 2022. O tombo da polenta gigante, uma das principais atrações do evento, saiu da praça Padre José Ferlin e foi deslocado para poucos metros dali, entre as ruas Sagrada Família e João Salvador. A mudança agradou os visitantes que já conheciam a festa, como o casal Daiane Scaravonatti e Dennyves Gheller, de Encantado. “A modificação no layout da estrutura ficou melhor, facilitando a circulação na praça”, observou Daiane, que se dirigia para assistir ao segundo tombo da polenta do evento, no domingo. “Não só assistir, vou comer também”, disse, sorrindo.
Ao todo, foram distribuídas 7 mil porções ao público com os dois tombos, que somaram 1,6 mil quilos de polenta. Durante todo o evento, o consumo da mistura de farinha de milho, água e sal também foi grande. Apenas no restaurante Nonna Metilde, que além da barraquinha ao redor da praça comandou um espaço no salão paroquial para servir a iguaria, haviam sido feitos quase 600 quilos de polenta de quarta-feira até domingo de meio-dia. “No sábado, já havíamos superado as expectativas”, contou a proprietária do restaurante, Flávia Manzoni.
Se nos dois primeiros dias a preferência foi para a polenta brustolada, no domingo o prato que mais saiu no Nonna Metilde foi a polenta mole com salame frito e queijo. Talvez por conta do clima – um dos motivos que também provocou alterações de consumo na Vinícola Vallebello. No sábado, a pedida foi por vinho branco e no domingo, por vinho tinto. “O clima acaba influenciando”, disse o proprietário, Tiago Lazzarotto, que comemorava os resultados obtidos. “Já vendemos mais do que na outra edição”, comentou, tendo ainda todo domingo de tarde para contabilizar vendas de vinhos e espumantes.
A mistura de vinho, gastronomia e cultura genuína, por sinal, é um convite irrecusável para visitar o Polentaço. “Toda festa comunitária é fantástica. Trazer a festa para a rua, poder trazer todos os tipos de público, sem restrição, com gastronomia, com artesanato, com cultura, é absolutamente fantástico”, observou o visitante de Bento Gonçalves Leandro Giordani, que estava acompanhado de Joceli Barroso. “Isso valoriza o produto da região, valoriza o artesão, o agricultor, o viticultor, o público”, continuou.
Mais de 30 empreendimentos locais, entre vinícolas, agroindústrias, artesanato, gastronômicos e de pequenas indústrias, participaram do evento. A Casa Lovisa, que comercializava, entre outros produtos, sopa de capeletti e capeletti frito, também tinha superado as expectativas. “O público é excelente e as festas, a cada edição, são melhores. Todo ano a gente sempre acaba vendendo mais, sempre superando as expectativas”, disse Daiana Picoli Lovisa. Proprietário da Senzafine, que produz cosméticos de lavanda, Maurício Pamplona destacou a importância do evento. “Foi muito bom para nós. Além do movimento aqui na barraquinha, temos a loja no centro que também recebeu grande movimento. A gente percebe que é um evento consolidado na cidade”, disse.
O Polentaço, que reuniu também a 10ª Festa do Agricultor, uma exposição de esculturas de polenta e diversos shows artísticos, com a presença de muitos grupos típicos, exaltou a genuinidade do povo de Monte Belo. Um elemento que diferencia a festa. “Monte Belo tem isso de conseguir manter a essência da cultura local”, destacou a visitante de Garibaldi Patrícia Pisani.
Foto: César Silvestro