Quando o Arroio Forquetinha, no Vale do Taquari, transbordou no dia três de maio, inundou mais de um ano de trabalho do agricultor Airton Hepp, que vive com a mãe, Noeli, e o pai Orlando na Vila Storck, em Forquetinha. Eles perderam 150 toneladas de silagem de milho em três hectares de plantação, além de quatro mil litros de leite em 10 dias, um prejuízo de cerca de R$ 40 mil. “A água subiu muito rápido, nunca tinha acontecido, entrou até a casa de ordenha, perto da casa da família. Moro aqui desde pequeno e meu pai há 20 anos. Foi feia a coisa, não foi bonita”, definiu Hepp. Para traçar um diagnóstico da situação atual do agro, com foco na vigilância e defesa sanitária animal, a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) está recebendo ajuda nesta semana de servidores do Departamento de Defesa Agropecuária da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo.
Os oito servidores foram recepcionados na Inspetoria de Lajeado nesta segunda-feira (3/6) pelo diretor adjunto do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Seapi (DDA/Seapi), Francisco Lopes, que contou que a ideia surgiu durante uma reunião do Fórum Nacional dos Executores de Sanidade Animal (Fonesa). “Foram levantados quais estados teriam disponibilidade para vir ajudar a Secretaria no levantamento de perdas e de necessidades, além de um auxílio de defesa animal de forma geral para o Estado. São Paulo foi o primeiro que se prontificou e vamos concentrar, nesse primeiro momento, o trabalho na região do Vale do Taquari, que foi uma das mais afetadas com as enchentes. Além disso foram trazidos pelos técnicos de São Paulo antígenos do Instituto Biológico que irá suprir uma demanda emergencial de insumos perdidos do Laboratório de Análises do IPVDF”, disse Lopes.
O trabalho consiste na aplicação de um questionário ao produtor rural para informações sobre perdas de animais, produtos vegetais, equipamentos, além de orientação para notificações em caso de doenças nos rebanhos. Segundo Lopes, foi feito um cruzamento de imagens de satélite de áreas inundadas com as propriedades rurais cadastradas na Seapi. “Das 5.700 afetadas pela mancha de inundação no Rio Grande do Sul, cerca de 1.700 são do Vale do Taquari. Por isso vamos começar por aqui”, afirma. Também está sendo verificada a necessidade de doação de alimento para a sobrevivência dos animais, para verificar possibilidades de auxiliar os produtores que precisam.
O líder da equipe paulista, médico veterinário da Defesa Agropecuária da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Bruno Ribeiro, contou que vieram quatro médicos veterinários e quatro técnicos agrícolas. “Viemos em quatro caminhonetes e trouxemos material básico de atendimento a enfermidades de animais de interesse para o Rio Grande do Sul, como bovinos, suínos, aves e equinos, além de alguns medicamentos”, esclareceu.
A equipe veio ao Rio Grande do Sul com recursos do Estado de São Paulo. “Além do profissionalismo, estamos aqui como seres humanos, de coração aberto para poder ajudar no que for possível na reconstrução do Rio Grande do Sul. É um trabalho de formiguinha, mas queremos contribuir com os gaúchos”, disse com emoção Ribeiro.
Toda a atividade será desenvolvida no aplicativo da Plataforma de Defesa Sanitária Animal (PDSA), construída em parceria pela Seapi e pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). “A equipe de São Paulo fica até a próxima sexta-feira (7/6), depois vamos avaliar se haverá necessidade de equipes de outros estados virem ajudar, como de Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Maranhão, entre outros, que já se ofereceram”, pontuou Lopes.
A médica veterinária da Seapi, Vanessa Dalcin, responsável pela Inspetoria de Arroio do Meio, será a gestora das equipes da atividade de campo no Vale do Taquari.
Foto: Julia Chagas/Seapi
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