Através do projeto Revisitando a Semana de 22, aprovado pelo Fundo Municipal de Cultura (Edital 01/2022 /Novos Caminhos da Cultura), professores e artistas de Bento Gonçalves, renomados nas áreas de literatura, música, dança e artes visuais, vão propor reflexões sobre a importância cultural e histórica da Semana da Arte Moderna de 1922, ressaltando o legado do evento para o Brasil, 100 anos depois. Daize Correa Figueredo, Douglas Ceccagno, Eunice Pigozzo, Rafael Rigo Vignatti, Bernardo Duarte, New Guss e Pedro Festa, formam a equipe principal desse projeto, que será marcado por quatro eventos performáticos sobre a Semana de 22, com palestras, workshops, apresentações de Hip Hop e exibição de vídeos.
Os encontros temáticos vão acontecer na Escola Municipal de Ensino Médio Alfredo Aveline, na Escola Estadual de Ensino Médio Dona Isabel, no IFRS e no espaço Teia Cultural, a partir de junho deste ano, em datas a serem definidas. Essas performances serão antecedidas, no próximo mês de maio, em datas a serem definidas, por mediações culturais com os professores dos educandários abrangidos pelo projeto. Ao final das mediações, as escolas receberão exemplares dos livros Modernismos 1922-2022, organizado por Gênese Andrade, com consultoria de Jorge Schwartz e Nossa Casa –Cypher Vico, de Bruna Ferreira.
Reunião de tendências estéticas
A Semana da Arte Moderna, reuniu no Teatro Municipal de São Paulo, de 13 a 18 de fevereiro de 1922, escritores, músicos e artistas visuais, com o objetivo de valorizar a cultura e a identidade nacional nos campos das artes. As novas tendências que floresciam com as vanguardas europeias, no início do século xx, deram aos artistas brasileiros a possiblidade de trabalhar com novas linguagens, materiais e propostas para renovar a produção nacional. Apresentações musicais e conferências se intercalavam às exposições de escultura, pintura e arquitetura, com o intuito de introduzir ao cenário brasileiro as mais novas tendências da arte. Pinturas e esculturas ficaram expostas no saguão do Theatro e causaram grande escândalo ao gosto público da época; Reunião das tendências estéticas que tomavam forma em São Paulo e no Rio de Janeiro desde o início do século, a Semana de Arte Moderna também revelou novos grupos, novos artistas, novas publicações, tornando a arte moderna uma realidade cultural no Brasil.
Hoje, poderia ser a letra de um rap
Atualmente, decorridos 100 anos da Semana Da Arte Moderna, novos debates surgem em torno da real abrangência e importância do evento, em sua época. Apesar desses debates, é inegável o legado deixado pelo movimento da Semana e por toda a produção artística que veio depois. Para a diretora artística do Theatro Municipal de São Paulo, Andrea Saturnino “os modernistas eram burgueses que se revoltaram contra a burguesia, Eu gostaria de ver isso acontecendo hoje, que os burgueses, a classe média tivessem esse espírito de contestação que eles tiveram lá atrás. Um poema como ‘Ode ao burguês’, do Mário de Andrade, hoje poderia ser a letra de um rap”.
“A fim de refletir sobre esse centenário, pensamos chamar artistas e pensadores para falar sobre como seria essa semana de oposição ao conservadorismo na arte hoje em dia, em 2022: mais plural, menos centralizado, mais inclusivo? Quem estaria nessa “turma” de pessoas se a Semana de Arte Moderna acontecesse hoje? O que seria considerado moderno”, ressaltam os proponentes do projeto. Em outra justificativa avaliam que “Bento Gonçalves, inserida no cenário nacional como um dos maiores polos culturais e turísticos, também merece essa reflexão, para entender as motivações estéticas do modernismo e os desdobramentos culturais após a passagem de cem anos. Temos, em nossa cidade, profissionais da área da arte e da cultura que possuem total propriedade para explanar sobre as questões tratadas no Projeto em tela. Por isso, entendemos importante levar até artistas, professores, estudantes e população em geral esta oportunidade de reflexão, a fim de ampliar seu conhecimento cultural e promover conexões entre passado/presente/futuro”.
O Fundo Municipal de Cultura (FMC) e patrocinado pelo Município de Bento Gonçalves; Secretaria Municipal de Cultura (SECULT) e Conselho Municipal de Política Cultural. Acompanhe o projeto@ revistando_ a semana_ de22.
Perfil da equipe
DOUGLAS CECCAGNO é escritor, autor de “Rábula” (poesia), “Ópera Subterrânea” (contos) e do recente “Eu é muitos outros” (poesia). Também publica suas “Notas apressadas para poemas futuros” no Instagram. Doutor em Letras pela PUC-RS, é professor e pesquisador no Programa de Pós-Graduação em Letras e Cultura e professor dos cursos de Letras da UCS. Foi ministrante da oficina de escrita criativa do Projeto Contantes e escritor homenageado da 34ª Feira do Livro de Bento Gonçalves.
RAFAEL TECLAS é pianista, compositor e professor de piano. Atualmente é professor ministra aulas no Teia Instituto Musical, na Abraçaí e na Fundação Casa das Artes. Também é integrante de projetos musicais como Teia Jazz, Os Bardos da Pangeia e Blackbirds, além de realizar apresentações como solista e acompanhando outros artistas da região.
DAIZE CORREA FIGUEREDO é livreira há 3 anos na Dom Quixote Livraria; atua como promotora e divulgadora de leituras e projetos literários nos meios digitais, bem como na organização de saraus e eventos presenciais que envolvam a literatura local e autores da região. Já foi mediadora de oficinas culturais e também desenvolve curadoria literária na mesma livraria. Graduanda em Letras – Português e literatura, pelo Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS); já atuou, inclusive, na educação social, no município de Bento Gonçalves.
EUNICE PIGOZZO é Bibliotecária de formação, tendo atuado profissionalmente por mais de 30 anos em Bibliotecas Públicas e privadas de Bento Gonçalves e região. Coordenou, realizou e participou de diversos projetos de promoção da leitura, com destaque para a Feira do Livro de Bento Gonçalves, Pontos de Leitura de Bento Gonçalves, Agentes de Leitura, Protagonistas da Palavra e Clube de Assinaturas da Dom Quixote, premiado em 2021 pela Fundação Marco Polo e SEDAC/RS. Em 2021, recebeu o Prêmio Trajetórias Culturais, concedido pelo Instituto Trocando Ideia e SEDAC/RS. Desde 2016, atua como curadora literária da Dom Quixote Livraria.
Nest Support é um coletivo de Hip Hop, que produz encontros, eventos e possui um espaço físico chamado Sala do Hip Hop em Bento Gonçalves. Na foto: New Guss, Bernardo Duarte e Pedro Festa, da Nest Support
Fotos: Divulgação
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