A última onda de calor, atribuída ao fenômeno La Niña, além de sobrecarregar o dia a dia da população urbana e rural de Bento Gonçalves, prejudicou plantações e secou riachos.
Na região de Bento Gonçalves, onde há uma grande diversidade de culturas e criações, o La Niña ocasionou perdas significativas em parreirais e em áreas com outras árvores frutíferas, além de danos severos na área de olericultura. As informações são do supervisor da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul, engenheiro agrônomo Edson Bonato. Ele, mais a gerente Regional Sandra Dalmina, visitaram propriedades rurais de 23 municípios da região, abrangidos pelo órgão, com o intuito de elaborar os laudos de perdas em função da forte estiagem. O extensionista ressalta que, além das perdas nas culturas e criações, os produtores estavam preocupados. “Orientamos os agricultores para investirem nas características físico-químicas do solo, melhorando em especial o teor de matéria orgânica, permitindo que o solo acumule umidade em períodos de estiagens. Essa é a forma mais barata para garantir culturas em períodos de seca. Ainda realizamos dias de campo em áreas irrigadas, nos colocando à disposição dos agricultores, das prefeituras e das instituições bancárias na realização de projetos de crédito, visando minimizar os danos em anos futuros”, destacou Bonato.
Na edição de janeiro deste ano do Boletim Agrometeorológico da Serra Gaúcha, produzido por pesquisadores da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR) e da Embrapa Uva e Vinho, especialistas destacam que, em função da falta de chuvas, das diferenças entre as propriedades, dos tipos de solo e das condições de cada vinhedo, a qualidade enológica da uva da atual safra será variada.
O pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, Henrique Pessoa dos Santos, reforça a importância de produtores e técnicos analisarem os vinhedos prejudicados pela falta de chuvas para realizarem ações que garantam maior disponibilidade hídrica às videiras. Entre elas, a manutenção da cobertura do solo, a redução da carga de frutas e da superfície foliar e o investimento em sistemas de irrigação. “Cada parreiral é único em função do solo, da profundidade das raízes e das condições da planta. É importante não apenas garantir essa safra, mas a sobrevivência e a sanidade da parreira”, salienta o pesquisador.
AUXÍLIO DO GOVERNO AO CAMPO
A secretária da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), Silvana Covatti, no último dia 25 de janeiro, esteve reunida com o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag), Carlos Joel da Silva, e demais dirigentes da entidade para informar as ações que o governo do Estado têm tomado para auxiliar os agricultores afetados pela estiagem. Até o momento, 358 municípios decretaram situação de emergência. Destes, 255 tiveram seus decretos homologados pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul e 162 tiveram reconhecimento pela União.
Sobre o pedido para que o governo do Estado execute o Avançar na Agropecuária e no Desenvolvimento Rural, a secretária Silvana informou que toda a dotação orçamentária – R$ 275,9 milhões – já está disponível para operacionalização. A previsão é de destinação de até dez microaçudes e um poço para cada município. No primeiro momento, serão priorizados aqueles com situação de emergência homologada pelo Estado. Os projetos técnicos serão feitos por meio da Emater e beneficiarão os agricultores familiares. Caberá à Secretaria da Agricultura o processo licitatório de 750 poços, torres metálicas e caixas d’água, via Central de Licitações (Celic), vinculada à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG). Na oportunidade, a titular da Agricultura destacou que o governador também autorizou estudos de uma linha de crédito emergencial aos pequenos produtores, que poderá ser contratada junto ao Banrisul, com juro zero.
A secretária Silvana afirmou à Fetag que já obteve do governador Eduardo Leite a manifestação positiva para ampliar de 28% para 100% o subsídio aos produtores que aderirem ao Programa Troca Troca de Sementes de Milho. Também foi informado que será atendida toda a demanda apresentada ao Programa Sementes Forrageiras, de incentivo ao plantio de pastagens, principalmente para atender o gado leiteiro. O aporte de recursos pode chegar a R$ 10 milhões.
Segundo informe da Emater/RS-Ascar, no Estado são 253 mil propriedades atingidas pelos efeitos da estiagem.
Imagem: Divulgação
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