Na manhã de quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022, foi oficialmente lançado em Porto Alegre/RS, o Instituto de Governança e Controle do Câncer (IGCC), que chega com o propósito de transformar a realidade do diagnóstico e tratamento do câncer no Brasil. O projeto foi desenvolvido a partir da iniciativa global City Cancer Challenge (C/Can), fundação autônoma que apoia cidades de todo o mundo para alcançarem acesso equitativo, célere e de qualidade no controle e tratamento da doença. A cerimônia híbrida contou com a participação da CEO global do C/Can, Susan Henshall, diretamente de Genebra, onde fica a sede do C/Can, do prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, de Brasília, e autoridades presentes no Salão Nobre da Prefeitura Municipal da capital gaúcha. Vale destacar que desde 2018, Porto Alegre tornou-se a primeira e única cidade brasileira a fazer parte do C/Can.
Criado para ser o parceiro de sustentabilidade do C/Can em Porto Alegre, o IGCC é uma associação de direito privado, sem fins lucrativos. Seu intuito é articular, propor e apoiar iniciativas governamentais, das Universidades e da sociedade civil que colaborem para a promoção de um tratamento oncológico direcionado à melhoria da gestão, prevenção, acesso, rastreamento e diagnóstico do câncer em âmbito nacional.
Através da qualificação das políticas públicas, implementação de projetos que melhorem a gestão da saúde e o fornecimento de dados que auxiliem na tomada de decisão sobre a doença, o Instituto buscará apoiar as cidades do país que desejam desenvolver projetos de enfrentamento ao câncer. A meta, segundo a organização, é tornar o IGCC referência na América Latina no tratamento da doença. Além disso, a experiência e o legado do C/Can, juntamente com a instituição do IGCC em Porto Alegre, devem servir de modelo a ser replicado em outras cidades do mundo.
Na cerimônia de lançamento do IGCC, a presidente do Conselho de Administração do Instituto, a mastologista Maira Caleffi, enfatizou que o acordo entre Porto Alegre e C/Can proporcionou um modelo inovador e sustentável que pode ser ampliado e aplicado nacionalmente. “Na cidade é onde se precisa fomentar as parcerias e as iniciativas, pois, se o problema é global, as soluções são locais. Nossa dificuldade não é somente termos o aparecimento de mais casos de cânceres, e sim a morte por essa doença que pode ser curada, controlada e até prevenida”, disse ela.
Maira evidenciou ainda que é por demais necessário que se lide com a prevenção e com os fatores de risco. “Cada vez menos se consegue aplacar a doença, não só por vir em estágios adiantados, mas também, muito pelas dificuldades de nossos sistemas de saúde e de financiamento. Por isso, temos que incorporar a ideia de mudança de cultura, fazendo com que Porto Alegre seja um exemplo nacional de prevenção e de controle de fatores de risco”, frisou.
A presidente manifestou também sua inconformidade com aspectos como o local onde a pessoa mora, sua capacidade econômica e seu nível educacional determinarem se sobreviverá ou não quando acometida por um câncer. “Temos que dar voz ao paciente e isso não estamos conseguindo no sistema público de saúde. E essa é a luta que me move”, falou emocionada.
Já o Secretário Municipal de Saúde de Porto Alegre, Mauro Sparta, apresentou dados sobre a realidade do câncer na capital gaúcha e enfatizou o trabalho multissetorial que tem sido desenvolvido com o C/Can desde 2018. “É importante ver como Porto Alegre tem o apoio do 3º Setor em enfrentamento ao tema do câncer. Este é um trabalho transversal, temos que fazer a prevenção e no momento em que a doença aparece temos que fazer o diagnóstico e seu tratamento. Esse é o grande desafio do país inteiro e não só de Porto Alegre. Com essas ações integradas, o auxílio internacional, a inteligência na área da Medicina de nossa cidade e o governo municipal, vamos conseguir minimizar o problema”, destacou o titular da pasta.
Ele comentou ainda que a cidade conta com o Estatuto da Pessoa com Câncer e seu cuidado de forma integral, ressaltando o objetivo central de diminuir a mortalidade de câncer na capital entre os anos de 2022 a 2025. Sparta evidenciou também que com a unificação da fila de espera pelo SUS para o primeiro atendimento dos pacientes de Porto Alegre e do restante do RS, possível por meio de um convênio com a Secretaria Estadual da Saúde, em apenas 25 dias a partir dessa iniciativa, já houve redução de cerca de 44% no quantitativo total de pacientes na fila de consultas oncológicas com referência em Porto Alegre.
Dentre todo o trabalho desenvolvido com o apoio do C/Can, que terá continuidade com a implantação do IGCC, destacam-se alguns projetos. O Manual da Qualidade: Patologia em Foco, já está sendo utilizado para unificar a forma como os laboratórios locais realizam seus serviços. O projeto sobre Registro de Dados de Câncer de Base Populacional, finalizado em 2021, capacitou as equipes de vigilância sanitária responsáveis pela coleta e divulgação dos dados. Por fim, Radioterapia: estudo sobre o acesso ao tratamento para o câncer de próstata, com entrega prevista para abril de 2022, entre outras ações.
Instagram: @igcc_org
Crédito fotos: Andréia Graiz
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