Professora Ancilla Dall´Onder Zat
A Estatística é tão antiga quanto a própria humanidade, embora tenha assumido as características conhecidas hoje, somente nos primórdios do século XIX. Desde então, seu campo de conhecimento, bem como suas aplicações, foi se alargando, em contínuo desenvolvimento.
Vivenciamos, de agosto até outubro de 2022, a realização do Censo Brasileiro, a cargo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE e, muito em breve, conheceremos o Brasil em dados. Torna-se oportuna uma reflexão sobre o fato a partir de sua história.
Presume-se que a contagem seja a origem natural do “levantamento de todos os elementos da população” que os governantes, de diferentes épocas, realizavam com a finalidade de taxação de impostos, recursos disponíveis para a guerra, número de guerreiros e outros fins. Quando esses levantamentos eram de caráter oficial, chamavam-se recenseamento.
Os povos da antiguidade, como chineses, persas, egípcios, hebreus e gregos, fizeram registros dos levantamentos em diferentes locais há cerca de 3.000 anos a.C., o que possibilitou estimar a situação econômica, os movimentos das populações e sua organização. Um dos objetivos desses levantamentos era conhecer as reservas militares e fazer estimativas sobre o número de contribuintes. Em Roma, um desses levantamentos, denominado Causus Romanus, foi realizado pelo rei Sérvio Túlio em 556 a.C. Outro, que a história chama a atenção, é o realizado por César Augusto, por estar ligado ao nascimento de Jesus. Assim, a história do Cristianismo está ligada aos censos e, a da humanidade, aos fatos estatísticos.
Na Idade Média, as igrejas e os mosteiros mantiveram registro de nascimentos, casamentos e óbitos, para fins religiosos, independente da administração pública. Outrossim, o Concílio de Trento da Igreja Católica, tornou obrigatório o levantamento de nascimentos, casamentos e óbitos.
Carlos Magno, rei dos franceses e Imperador do Ocidente, realizou um recenseamento sobre pessoas e bens no ano 800 d.C. Guilherme, o Conquistador (1083 a 1088 d.C.) ordenou que se fizesse um levantamento estatístico na Inglaterra com informações dos proprietários, uso da terra, empregados e animais, para servir de base para o cálculo de impostos, cujo relato é: Dia do Juízo.
A partir do século XVI, a Estatística passa a ser estudada pelos pensadores e matemáticos. Constrói e amplia seu corpo de conhecimento. Atribui-se a Achenwall a definição da palavra Estatística (do latim status).
No Brasil, o primeiro censo recebeu o nome de recenseamento oficial e foi realizado em 1872, apontando uma população de 9.930.478 habitantes. A cidade mais populosa era o Rio de Janeiro, com 274.972 habitantes, enquanto, entre os Estados, apontou Minas Gerais, com 2.039.735 habitantes. Comenta-se que, aproximadamente, 82% da população era analfabeta.
Em 1934, foi criado o IBGE, graças ao incentivo de Mário Augusto Teixeira de Freitas, instalado em 29 de maio de 1936. A partir de 1938, o recenseamento, ou censo, ficou a cargo do IBGE, que o realiza a cada década, salvo situações imprevistas, como foi o caso de 2020, por falta de recursos financeiros e, em 2021, pela pandemia de Covid-19 no país.
Em plena realização do Censo 2022, sabe-se que o “levantamento faz uma ampla coleta de dados sobre a população brasileira, que permite traçar um perfil socioeconômico do país”. Convém lembrar que as informações ou dados obtidos são essenciais para o desenvolvimento e implementação de políticas públicas, como educação, hospitais, entre outros, bem como investimentos públicos e privados, caracterizando a importância de fornecer dados fidedignos aos recenseadores.
Com o conhecimento estatístico atual e o uso da tecnologia avançada, a análise dos dados obtidos, certamente, revelará o Brasil atual e apontará caminhos. É a Estatística e as estatísticas a serviço do bem comum.
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