A confiança dos donos de pequenos negócios ficou estável, em fevereiro, após sofrer uma queda de 5,1 pontos no primeiro mês do ano. É o que mostra o Índice de Confiança de Micro e Pequenas Empresas (IC-MPE), resultado de uma parceria entre Sebrae e Fundação Getúlio Vargas (FGV). De acordo com o levantamento, esse índice variou 0,4 ponto e acomodou-se no patamar de 90 pontos. O IC-MPE é a agregação dos índices de confiança dos três principais setores da economia – Comércio, Serviços e Indústria de Transformação. O dado positivo foi consequência de uma melhora no Comércio, cuja confiança subiu 3,9 pontos. Já os setores de Serviços e da Indústria de Transformação cederam 1,4 ponto e 2,6 pontos, respectivamente.
“A confiança das micro e pequenas empresas estabilizou-se em fevereiro, com ligeira variação de +0,4 pontos, após a queda sofrida em janeiro. Esse resultado levemente positivo no último mês foi influenciado pela melhora das expectativas de curto prazo das micro e pequenas empresas – mais especificamente daquelas ligadas ao Comércio, enquanto a Indústria e o setor de Serviços ainda se mostram menos otimistas em relação às perspectivas futuras”, comenta o presidente do Sebrae, Carlos Melles.
Já o Índice de Expectativa das MPE (IE-MPE) avançou 1,8 ponto, chegando a 93,3 pontos, após perda de 6,0 pontos em janeiro, mantendo-se abaixo do nível de neutralidade há cinco meses. Esse resultado foi determinado por uma ligeira melhora das perspectivas sobre o volume da demanda nos próximos três meses, que subiu 1,2 ponto, alcançando a marca de 86,4 pontos (essa avaliação havia caído 9 pontos no mês anterior). No horizonte de seis meses, há uma acomodação no indicador que mede a tendência dos negócios com variação tímida de 0,4 ponto para 91,8 pontos.
“Esses dados mostram que melhorou ligeiramente as expectativas do comércio para o curtíssimo prazo. Na verdade, os empresários do comércio veem 2022 como um ano com grandes desafios devido à pandemia, às incertezas associadas às eleições, pressão de custos e crise internacional, e ajustaram suas expectativas para melhor, apenas para o período com maior visibilidade, que são os próximos 2 a 3 meses”, segundo Melles.
Comércio
Diferentemente dos demais setores pesquisados, a confiança das micro e pequenas empresas no Comércio (MPE – Comércio) recuperou 34% das perdas sofridas nos últimos três meses. O ICOM-MPE avançou 3,9 pontos até atingir 85,4 pontos, o maior nível desde novembro de 2021 (87,3 pontos), superando o ICOM, divulgado pela FGV, incluindo empresas de todos os portes, que subiu 2,1 pontos, para 87 pontos.
A melhora da confiança no setor foi influenciada por uma recuperação das expectativas. O Índice de Expectativas das MPE do Comércio (IE-C-MPE) somou 10,1 pontos e cresceu para 94,2 pontos, maior nível desde fevereiro de 2021 (94,5 pontos). Ambos os quesitos que compõem o índice apresentaram alta: o que mede a tendência dos negócios para os próximos seis meses subiu 10,7 pontos, garantindo 94,2 pontos, e o volume de vendas previstas para os próximos três meses subiu 9,1 pontos, fechando em 94,3 pontos. O incremento das perspectivas ocorreu em todos os segmentos e em quase todas as regiões do país, mas é necessária cautela diante da probabilidade de aumento da incerteza no curto prazo.
Melles observa que “a retomada dos pagamentos do Auxílio Brasil, programa que substituiu o Bolsa Família, está contribuindo, agora, para melhorar as expectativas de curtíssimo prazo das MPE do Comércio”
Serviços
Pelo quarto mês consecutivo, a confiança das micro e pequenas empresas do setor de Serviços (MPE-Serviços) caiu para para 89,4 pontos, encolhendo 1,4 ponto, menor nível desde maio de 2021 (87,3 pontos). O Índice de Confiança de Serviços, da FGV cedeu 2,0 pontos, descendo para 89,2 pontos. Essa perda de confiança ocorre como consequência de uma piora das avaliações sobre o momento e nas expectativas de curto prazo. O que mostra que as expectativas de curto prazo dos distintos setores estão desalinhadas.
Indústria
Pelo segundo mês consecutivo, a confiança das micro e pequenas empresas da Indústria de Transformação (MPE-Indústria) cedeu 2,6 pontos e bateu os 94,4 pontos, menor nível desde junho de 2020 (75,5 pontos). O Índice de Confiança da Indústria, divulgado pela FGV e que inclui todos os portes, também sofreu queda, em menor magnitude: de 1,7 ponto, contabilizando 96,7 pontos. A queda da confiança foi influenciada tanto pela piora das condições atuais quanto pelas expectativas em relação aos próximos meses.
Crédito
As micro e pequenas empresas sempre sofreram com a dificuldade de acesso a financiamento junto aos agentes financeiros, independentemente do período. Porém, essa situação foi agravada com a chegada da pandemia de COVID-19, em março de 2020, que levou os governos federal, estaduais e municipais a adotarem medidas restritivas para o controle da doença.
O indicador que mede o grau de exigência para concessão ou renovação de empréstimos bancários — quanto menor o índice, maior a exigência – para as MPE era 101,8 pontos, em fevereiro de 2020, e atualmente está em 96,7 pontos, em fevereiro de 2022. Ou seja, 5,1 pontos abaixo do período pré-pandemia. Serviços é o segmento que tem mais dificuldade na obtenção de crédito junto aos bancos, já que está 17,8 pontos abaixo do período pré-pandemia. Em segundo lugar, vem o Comércio, em que a diferença é praticamente a metade do observado no setor de serviços. A exceção continua sendo o setor da Indústria de Transformação, que se encontra 6,2 pontos acima de fevereiro de 2020.
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