Todos nós, em algum momento da vida, já vivenciamos a morte de pessoas próximas. O que talvez nunca tenhamos pensado é que essa pessoa falecida, se tivesse conversado com seus familiares, poderia ter salvo cerca de dez pessoas, optando pela doação de órgãos.
Em 2007, para dar destaque à importância dessa doação, o Ministério da Saúde oficializou o Dia Nacional da Doação de Órgãos, celebrado todo dia 27 de setembro, ampliando a ação de conscientização com o “Setembro Verde”. O projeto Doando Vidas levanta a mesma bandeira em âmbito nacional, pela BPW (Business and Professional Women / Associação de Mulheres de Negócios e Profissionais), já que grande parte da sociedade não sabe que será necessária a autorização da família para a doação de órgãos e tecidos.
A reflexão que trazemos aos leitores, potenciais doadores, é sobre os motivos que os levariam a serem doadores. Pensar sobre sua própria morte ou a morte de um ente querido não é habitual e, por vezes, gera sentimentos desconfortáveis, nos levando a evitar falar no assunto. Então, ao invés de falar sobre a morte, podemos falar sobre nossas vidas e vidas que podemos salvar. Qual o sentido da vida? O que esperamos deixar de legado depois que partirmos?
O ato de doar é um ato de amor ao próximo, visto que não se escolhe o quê nem para quem vamos doar. É desprender-se de um “corpo físico” para dar uma nova chance de vida a outra pessoa. Já pensaram na importância que tem esta atitude para quem espera por anos e anos em uma fila de transplante? Por isso a importância de conversar com familiares e amigos próximos, sobre o desejo de ser um doador. Por mais difícil que seja para a família, nesse momento de luto, é importante ter em mente que essa atitude pode salvar pessoas e que se tratava do desejo daquela pessoa que nos deixou.
Criar o hábito de falar sobre nossos sentimentos, conversar, dialogar, expor pensamentos, desejos, vontades e, neste caso, sobre morte e desejo de doação de órgãos, demonstra maturidade e autoconhecimento. Por envolver crenças, valores pessoais e familiares, além da desinformação geral a respeito de como é esse processo, a doação de órgãos se torna, muitas vezes, um assunto polêmico. Por isso, o compartilhamento de informações e conscientização sobre esse ato é importante e necessário.
Necessário, pois as estatísticas mostram que o número de indivíduos que precisam de transplante aumenta a cada ano e que o número de doadores diminui em uma escala desproporcional, dados estes compartilhados pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Em março de 2022 foi levantado pelo Registro Brasileiro de Transplantes (RBT) que existem mais de 50.000 pessoas, entre adultos e crianças, na fila de espera por um órgão no Brasil e que 46% das famílias de potenciais doadores se recusaram à doação no primeiro trimestre de 2022.
De acordo com o exposto, independente das estatísticas alarmantes e da queda do número de doadores, cabe a nós pensarmos sobre o motivo da recusa dessas famílias e falar sobre o assunto em pauta. Um ato simples, uma conversa, um diálogo sobre nossos sentimentos, medos e vontades, podem mudar esse cenário, pois acreditamos que, desta forma, palavras podem salvar vidas.
Fontes de pesquisa:
https://mundoeducacao.uol.com.br/curiosidades/doacao-deorgaos.htm#:~:text=A%20doa%C3%A7%C3%A3o%20de%20%C3%B3rg%C3%A3os%20pode%20salvar%20v%C3%A1rias%20vidas.,a%20compatibilidade%20entre%20os%20envolvidos.
Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO)
Ministério da Saúde. Saúde de A a Z
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