Tão importante quanto incentivar a prática de atividades físicas e o cicloturismo no país é fomentar a inclusão social. Esse é um compromisso assumido pelo GFNY Bento Gonçalves em sua segunda edição no Rio Grande do Sul. A etapa brasileira da principal maratona de ciclismo amador do mundo abre espaço, também, para a participação de paratletas na prova que ocorre no dia 15 de outubro, em seis cidades da Serra Gaúcha.
São diversas histórias de ciclistas com uma característica em comum: a superação. Um desses exemplos é de Lucas Fernandes Dorneles. Aos 30 anos de idade, o funcionário público participará do GFNY Bento pelo segundo ano consecutivo. Sua trajetória com o ciclismo começou em 2014. “Após o final do tratamento de um câncer foi preciso fazer a amputação da minha perna esquerda. Desde então, a bike se tornou uma espécie de válvula de escape. Serviu como terapia, pois passava horas pedalando em grupo ou sozinho, dependendo do dia”, conta emocionado.
Nessa trajetória, foram vários os desafios encontrados no caminho. “Já tive momentos não tão bons em cima da bike, como uma lesão que me fez abandonar uma prova de 200 km e uma queda na qual infelizmente quebrei a clavícula e me deixou uns meses parado. Mas, após esses episódios, passei a me dedicar e participar do campeonato gaúcho de ciclismo. Então percebi que o mais legal é ver o esforço coletivo que existe durante um pedal”, comenta.
Esse ingresso na competição estadual o fez campeão gaúcho em sua categoria e proporcionou o ingresso na sua atual equipe, a Raptors. Embora a desmotivação, dificuldades com os equipamentos para a prática da modalidade e a rotina pesada tenha o desgastado ao longo dos anos, recentemente o gosto pelo ciclismo foi restabelecido com a perspectiva de participação em mais um GFNY. “Fazem alguns meses que retornei aos treinos na academia e, agora, reiniciei os pedais na bike para acumular horas em preparação para a prova. Vou ao GFNY pela segunda vez com o objetivo de aproveitar ao máximo o evento e curtir o percurso, que certamente será espetacular e desafiador, assim como foi na primeira vez”, destaca.
Desde que iniciou com as provas, em 2016, o sentimento é de buscar sempre estar motivado para que possa seguir pedalando, mesmo com os percalços do caminho. Um deles é a necessidade de uma nova prótese para a perna esquerda. “Estou até realizando uma vaquinha online para conseguir adquiri-la”, revela (para quem desejar contribuir, é possível doar pelo link https://www.vakinha.com.br/3715717). “O ciclismo não é só alegrias. Há muitos momentos difíceis, especialmente no dia a dia. Mas tive experiências incríveis, conheci muitos lugares que nem imaginava que existia e construí parcerias muito importantes para que a paixão pelo ciclismo só aumentasse”, relembra.
Outra história que inspira é do bento-gonçalvense Jolmir Stanislososki. Aos 48 anos, o auxiliar de produção sofreu um acidente em 2017 que ocasionou a perda da mão direita. Logo após o ocorrido, foram 12kg a mais e uma série de complicações de saúde provocadas pelo sedentarismo e a consequente desmotivação. Foi nesse contexto que o ciclismo entrou em sua vida. “Comecei a pedalar em 2018, por conta própria. Foi necessário adaptar o guidão da bicicleta para o apoio do braço direito. Hoje, treino em casa durante a semana, em um equipamento que eu mesmo adaptei para pedalar, e na estrada com um grupo de amigos aos finais de semana”, explica.
O ciclista participou do GFNY Bento no ano passado e espera melhorar ainda mais o desempenho em outubro. “Treino por conta própria, mas sempre com constância. Fiz o trajeto mais longo em 2022, mesma distância que pretendo fazer agora. Estou bem animado e motivado para pedalar no GFNY”, conta o atleta que já participou de provas em diversas cidades do RS e de Santa Catarina.
Foto: Acervo Pessoal
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