Em alusão ao Dia Mundial de Combate à Tuberculose, celebrado em 24 de março, a Secretaria da Saúde (SES) lança uma nota técnica com a finalidade de orientar gestores municipais e profissionais de saúde, reforçando a importância do Tratamento Diretamente Observado (TDO) para garantir a cura dos pacientes portadores da doença. O acompanhamento deve ser realizado preferencialmente pelas equipes da Atenção Primária em Saúde, monitorando a administração dos medicamentos.
“Neste momento em que estamos todos voltados para o enfrentamento da Covid-19, não podemos esquecer de outras doenças de transmissão aérea, como é o caso da tuberculose”, destaca a diretora técnica do Hospital Sanatório Partenon (HSP) e coordenadora do Programa Estadual de Combate à Tuberculose, Carla Jarczewski.
Com a implementação do TDO, “o intuito é melhorarmos os indicadores e reduzirmos taxa de incidência da tuberculose”, explica Carla. Para isso, é necessário um maior envolvimento e capacitação de profissionais de toda a rede de Atenção Primária. “Atualmente, a realização do TDO ocorre em menos de 20% dos casos de tuberculose, sendo que a orientação é de que ocorra em todos os pacientes, preferencialmente com o acompanhamento da Atenção Primária e o mais próximo possível da residência de cada um.”
Carla considera que a tuberculose e a coinfecção com HIV-Aids (TB-HIV) são graves problemas de saúde pública no Rio Grande do Sul. “Nos últimos anos, a incidência da doença varia entre 40-47 casos/100.000 habitantes, valor acima da média nacional, que, desde 2015, fica entre 35-39 casos/100.000 habitantes”, informa. “A taxa de coinfecção TB-HIV, que no Brasil historicamente fica próxima a 10%, no Rio Grande do Sul já foi o dobro deste valor e nos últimos anos está em torno de 15%.”
A diretora frisa que com as taxas de incidência elevadas e a baixa adesão aos medicamentos, os desfechos dos tratamentos ficam muito aquém daqueles indicados pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial de Saúde (OMS). “A taxa de cura de casos novos no Rio Grande do Sul está em torno de 65%, sendo preconizado 85%. A taxa de abandono, que deveria ser, no máximo de 5%, supera os 15% no Estado”.
O documento orientador foi elaborado de forma conjunta entre a Atenção Primária da SES e do Programa Estadual de Controle da Tuberculose do Rio Grande do Sul, contando com a colaboração de diversos setores da secretaria e de parceiros externos.