“A vida passa rápido. Para ela ter mais sentido, temos que deixar algum legado à sociedade”, ressalta o prefeito reeleito de Pinto Bandeira, Hadair Ferrari. Natural de Pinto Bandeira, com formação acadêmica em Administração, Ferrari concilia a chefia do Executivo de sua terra natal com a administração, em Bento Gonçalves, de duas empresas de sua propriedade, com mais de cem funcionários.

Emancipação

Em julho de 2010, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), a comunidade de Pinto Bandeira, com cerca de três mil habitantes, se emancipou da condição de distrito do município de Bento Goncalves, localizado a 20 quilômetros. Mesmo assim, continuou sob a jurisdição de Bento Gonçalves até que as eleições fossem consumadas, em outubro de 2012, e a posse do novo prefeito e do legislativo em 1° de janeiro de 2013.

O primeiro pleito ocorreu com apenas uma chapa majoritária, encabeçada pelo advogado João Feliciano Menezes Pizzio, que retomou o processo de emancipação, iniciado em 1994. Ferrari foi eleito Prefeito em 2016 e reeleito, em 2021, disputando com outras chapas majoritárias. Para este ano, o orçamento da prefeitura de Pinto Bandeira gira em torno de 15 milhões de Reais, com a destinação de 16,5% do valor para a área da saúde.

A economia do município é liderada pelos cultivos de uva e pêssegos de mesa. Anualmente, os agricultores de Pinto Bandeira colhem, em média, 40 milhões de quilos de uva. Também colhem, em média, 18 milhões de quilos de pêssegos de mesa, concentrando a maior produção da fruta no Rio Grande do Sul. Essa colheita, anual, é armazenada em 26 câmeras frias da localidade, para posterior comercialização em vários estados do Brasil. Além do forte setor primário, Pinto Bandeira sedia o Centro Tecnológico da Cooperativa Vinícola Aurora, as vinícolas Don Giovani, Cave Geisse, Valmarino, Terraças e uma filial da Cooperativa São João. Os moradores de Pinto Bandeira, apesar da riqueza da comunidade, enfrentam dificuldades em acessos rodoviários domiciliares. A VRS 855, a cargo do Daer, que liga Pinto Bandeira a Bento Goncalves, está em péssimo estado de conservação.

Na entrevista que segue, Ferrari detalha a sua dupla jornada de trabalho e ressalta obras a serem inauguradas neste ano, entre outras informações relevantes.

Integração – De que forma estás conciliando a administração de tuas empresas com a da prefeitura?

Ferrari – Com o apoio da minha esposa Sandra e do meu irmão Antenor, que assumiram algumas das minhas funções nas empresas. Ao meu cargo ficaram dois setores: o de compras e o financeiro. Também conto com   ótimas equipes de colaboradores. Muitas vezes trabalho fora do horário comercial. Há noites de domingos que fico na empresa até às 22 horas. Mesmo assim, está sendo muito gratificante ser Prefeito de Pinto Bandeira.  No cargo, estou tendo a satisfação de trabalhar pelo bem comum da comunidade onde nasci e me criei. Isso me motiva a dar o meu melhor.

 Que legados estão previstos para este ano?

Ferrari – Em breve, vamos finalizar o acesso asfáltico da Busa, que liga o município ao destino turístico Caminhos de Pedra. Temos a destinação de R$ 1,5 milhões, de emenda parlamentar do deputado federal Osmar Terra, para a continuidade das pavimentações no interior. São cerca de 140 quilômetros de estrada de chão. Até agora, asfaltamos oito quilômetros.  Queremos fazer um trecho de asfalto em cada uma das comunidades.  Neste ano, teremos o prazer de inaugurar as novas sedes da escola infantil com capacidade para 100 crianças e da Unidade Básica de Saúde, hoje funcionando na parte térrea da prefeitura. Também pretendemos, ainda em 2021, construir um pórtico de acesso à cidade.

Integração – As tratativas com o Daer para a manutenção da VRS 855 têm sido feitas desde a primeira administração. Esse trecho da rodovia, com mais de 25 anos, nunca foi recapeado. Vão continuar apenas com essas operações tapa buracos?

Ferrari – Apresentamos ao Daer projeto de parceria para fazer o recapeamento dos piores trechos.  O tempo previsto entre a aprovação do projeto e a execução da obra é de cerca de um ano.

Integração – Pinto Bandeira tem recebido turistas? Há investimentos previstos?

Ferrari – Sim, nas vinícolas e pousadas situadas no interior. O potencial para o turismo é forte, mas primeiro temos que melhorar a trafegabilidade na VRS 855. Também temos que preparar a comunidade para o turismo. Aos domingos, é difícil encontrar um local na sede para almoçar ou lanchar. Em relação a obras, pensamos na revitalização da praça central. A Denominação de Origem (DO) Altos de Pinto Bandeira, que o setor vitivinícola local está prestes a conquistar, tende a acelerar esse processo.

Integração – Administras a prefeitura como se fosse uma empresa?

Ferrari – Sim. Controlo o fluxo de caixa e exijo o máximo do empenho dos servidores. Tem dado certo! Sou um homem feliz!

As prioridades dos prefeitos da 8ª Zona Eleitoral

Os municípios de Bento Goncalves, Monte Belo do Sul, Santa Tereza e Pinto Bandeira, localizados na Serra Gaúcha, formam a 8ª Zona Eleitoral do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/RS). Monte Belo do Sul, Santa Tereza e Pinto Bandeira, ex-distritos de Bento Goncalves, são pequenas cidades com enormes potenciais. Nas últimas eleições municipais, Monte Belo do Sul e Pinto Bandeira reelegeram seus Prefeitos. Santa Tereza renovou, elegendo Gisele Caumo, que entra para a história política da região como a primeira Prefeita dessa circuncisão eleitoral. A cidade polo Bento Goncalves, com cerca de 120 mil habitantes, após duas administrações consecutivas de Guilherme Pasin, elegeu seu sucessor, o dentista Diogo Segabinazzi Siqueira, que nos últimos quatro anos atuou como Secretário Municipal da Saúde.

Em meados deste mês de janeiro, passada a euforia das eleições, a reportagem do Integração entrevistou os quatro mandatários dos Executivos de Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira e Santa Tereza, para conhecer e reportar as prioridades dessas prefeituras.

Confira a seguir o que disse o prefeito de Bento, Diogo Siqueira 

Obras do hospital público e municipalização da rodovia do Vale entre as prioridades de Siqueira

O prefeito de Bento Goncalves, Diogo Siqueira, natural de Joaçaba, Santa Catarina, após formatura em Odontologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), migrou para a região da Serra Gaúcha em busca de oportunidade de emprego, a exemplo de mais de 50% das pessoas que hoje formam a população de cerca de 120 mil habitantes da cidade a cargo de sua administração. Foi aprovado em concurso público da prefeitura de Santa Tereza como Dentista. Em 2008, foi eleito Prefeito de Santa Tereza, cargo que ocupou até 2016.

Em 2017, fixou residência em Bento Gonçalves para atuar como Secretário de Saúde na administração do prefeito Guilherme Pasin, encerrada no dia 31 de dezembro de 2020.

Vitorioso no último pleito como candidato da situação, agora tem a seu cargo e de sua equipe a administração das inúmeras demandas públicas de Bento Goncalves. São tantas, que a entrevista a seguir foi direcionada às urgências deste ano. Com a palavra, Diogo Siqueira!

Integração – Como está sendo esse seu primeiro momento como Prefeito de Bento Gonçalves?

Siqueira –  No primeiro momento foi reorganizar. É continuidade, mas é um novo governo. Esse é o primeiro ponto. No segundo, foi sintonizar a Procuradoria Geral do Município com a Secretaria Municipal de Finanças e com o IPURB, para agilizar a entrega de processos à população. Vamos investir com responsabilidade, focando mais em projetos macros. Algumas obras serão planejadas com muito cuidado, ouvindo a opinião dos setores representativos da sociedade.

Integração – Bento Goncalves já tem um hospital público, junto a UPA do Botafogo?

Siqueira – Sim. Hoje já temos a primeira etapa do nosso hospital público regional representada por um andar com 40 leitos, entre eles 20 destinados a pacientes com Covid, por um pronto socorro e pelo primeiro bloco cirúrgico, instalado na UPA. Estamos trabalhando para concluir o cadastro do nosso hospital junto ao Governo Federal.  Em 2017, como Secretário da Saúde, efetuei a primeira fase do processo. Relançamos o edital do bloco cirúrgico. Agora vamos agilizar as licitações das próximas etapas. Também temos que aprimorar as estruturas anexas. O hospital foi pensado para 250 mil habitantes. Hospital tem que ter atendimento, senão vira hospital de cidade pequena.

Integração – No final do ano passado, a prefeitura renovou o contrato com a Corsan por mais vinte anos, mesmo diante da lerdeza da estatal na dotação das três Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) previstas para Bento Gonçalves. A ETE do Barracão, por exemplo, já teve mais de três datas previstas de inauguração, não cumpridas. A previsão agora é para o próximo mês de março. Vais cobrar mais agilidade da Corsan em cumprir suas promessas?

Siqueira – Tivemos uma conversa sobre o caso com a superintendência da Corsan. Nos falaram que em março vão iniciar os primeiros usos da estação, essa é a informação que eu tive. Estamos tendo um serviço que não é de boa qualidade hoje. A população nos cobra muito e reconhecemos que a Corsan não está fazendo o trabalho como deveria ser. Os bairros da zona Norte passaram parte do mês de janeiro enfrentando racionamento de água. Vamos agir de maneira rígida. Aí entra a questão de multas, e será feito de maneira rotineira.

Integração – Vais dar continuidade ao projeto de municipalização do trecho da RS 444 no Vale dos Vinhedos, iniciado pelo governo Pasin?

Siqueira – Com certeza. O Vale dos Vinhedos gera renda, temos turismo forte, agricultura forte, empresas fortes. Na lógica, essa estrada é mais uma no Governo do Estado, mas para o município é uma estrada prioritária. Essa estrada é uma interligação, muita gente passa por aí. Precisamos ter uma segurança maior. Para nós é prioridade, mas para o Estado não é.