O conceituado tatuador Jeanzito agora também está trabalhando com Hipnoterapia. Jean Marcel nos conta porque a ciência o atraiu, a ponto de se tornar um profissional da área.
O que é hipnose e hipnoterapia?
Jean – A hipnose é um processo natural e inerente à mente humana. Não tem nada de místico ou espiritual, é quando conseguimos escolher e isolar uma ideia ou pensamento específico, sem a interferência dos demais ou do externo. A hipnoterapia, então, é o uso da hipnose como um potencializador do processo terapêutico. É uma viagem interna, uma busca por situações e eventos que talvez não foram bem resolvidos ao longo da vida, tratando e restituindo o equilíbrio emocional, assim como alguns sintomas físicos que estão agregados a esse desequilíbrio.
Como a hipnose clínica entrou na sua vida?
Jean – A hipnoterapia surgiu na minha vida em 2015, quando eu buscava soluções para a ansiedade, que estava me impossibilitando de ter uma vida plena. Após a primeira sessão eu me senti uma nova pessoa. Eu achei incrível, percebi o quanto isso poderia ajudar pessoas que passavam pelas mesmas situações que eu. Desde então, me formei em várias instituições, com as maiores autoridades do Brasil no ramo e, hoje, ajudo pessoas todos os dias.
Quando surgiu a hipnoterapia e de que forma ela vem se entrelaçando com a medicina no decorrer dos tempos?
Jean – A hipnoterapia existe desde os primórdios da humanidade, porém começou a ficar mais popular nos últimos anos. Ela viajou através de gerações e culturas. Antes do surgimento da anestesia, ela era usada para eliminar a dor nas cirurgias e, também, tratar diversos casos de “histeria”, as demandas emocionais reprimidas, talvez geradas pela sociedade tão dura da época.
A hipnose passou pela mão de muitos médicos e psicanalistas que contribuíram para que, séculos mais tarde, a medicina e a ciência começassem a olhar para ela com mais atenção. Assim, hoje baseada exclusivamente em neurociência e neuroplasticidade, pode de fato mudar a vida das pessoas que possuem algum tipo de desequilíbrio emocional.
O que a hipnoterapia pode tratar?
Jean – A hipnoterapia consiste em tratar as emoções e desconstruir padrões negativos que foram gerados, baseados na falta de experiência ou interpretações da pessoa. Tratando a causa, os sintomas relatados desaparecem ou diminuem muito. A hipnoterapia proporciona inúmeros benefícios, principalmente para os sintomas que um evento negativo causa. Além do que se imagina, ansiedade, raiva, fobias, pânico, depressão, compulsão alimentar, carência emocional e culpa causam comportamentos danosos, não só para a própria pessoa, mas também para quem convive com ela.
Tratando as emoções por trás disso tudo, consequentemente se livrando dos sintomas, a vida passa a melhorar de forma sistêmica. É uma terapia extremamente intensa, mas libertadora.
Como surgem os traumas ou emoções negativas, como a ansiedade, por exemplo?
Jean – A ansiedade não é uma doença. Ela é um sistema de autoproteção, assim como a maioria dos comportamentos, mas vou me ater aqui a aquela ansiedade mais “crônica”.
Em algum momento, a pessoa passou por um evento emocional negativo de forte impacto. A partir desse momento, a mente cria uma nova ligação neural. Na intenção de evitar a mesma dor, gera um sinal de “alerta”.
Existe então uma busca incansável nas situações do dia a dia para que aquilo não torne a acontecer, evitando momentos que seriam desconfortáveis, assim como pensamentos negativos perante o futuro. Isso gera, com frequência, uma descarga de adrenalina no corpo, o coração acelera, enxaqueca, tremores, náuseas, enfim, uma quantidade enorme de sintomas. Então é errôneo achar que ela surgiu “do nada”.
Existe também uma grande dificuldade das pessoas em encontrar o “gatilho” da ansiedade, porque ele é sútil e foi adaptado ao longo dos anos para que você não o perceba.
É possível que os traumas tenham origem na infância?
Jean – Com certeza, eles estão principalmente na infância, quando ainda não temos experiências acerca do mundo onde vivemos. Então tudo é absorvido de forma dinâmica, com o único e exclusivo fim de sobrevivência. Assim, interpretamos tudo ao nosso redor, e a falta de experiência gera aprendizados ou traumas que se mantêm na vida adulta. Talvez, hoje, você olhe para trás com tranquilidade ao lembrar de algo ruim que aconteceu na infância, mas aquela criança não tinha a experiência que você tem hoje, assim uma ligação neural e um comportamento foi adquirido naquele momento. Não é porque você sabe de onde vem o problema que ele está resolvido. Muitos dos comportamentos que você odiava nos seus pais serão repetidos na vida adulta, por mais que não queira, porque a infância contém muitas respostas do nosso comportamento atual.
O tratamento é demorado?
Jean – Não existe uma regra, todo ser humano é diferente e carrega dores baseadas em suas próprias interpretações do mundo. Existe um fator chave, que é o engajamento. Depende da capacidade de aceitar que a dor surge quando é necessário mudar. Algumas pessoas querem estar presas ao passado e outras se libertam. De forma geral, pode ser em uma sessão apenas ou mais. De modo geral, é uma terapia extremamente breve.
Nesses tempos de pandemia, aumentou a demanda por atendimentos?
Jean – Sim, aumentou muito a procura por atendimento, principalmente relacionado a ansiedade e pânico. O isolamento social fez com que as pessoas olhassem mais para dentro de si mesmas. Todas as questões emocionais que foram negligenciadas durante a vida, tentando fugir dos problemas, acabaram então ficando mais evidentes. Houve um “transbordar do copo”, percebe-se também o quanto se usa válvulas de escape no dia a dia, como a bebida, festas, status.
Considerações gerais
Jean – A Hipnoterapia se mostra muito efetiva em questões emocionais. Cada vez mais, ela está em destaque por tratar a causa dos sintomas, permitindo deixar o peso do passado para trás e seguir a vida com leveza e tranquilidade.
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Jean Marcel atende no Edifício Oswaldo Cruz, sala 706, Centro, Bento Gonçalves
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Foto: Arquivo Pessoal