Entidade alerta sobre a necessidade do diagnóstico precoce e da busca pelo suporte oferecido aos pacientes e familiares
Frente às estatísticas que indicam mais de oito mil novos casos anuais de câncer infanto-juvenil no Brasil (segundo o Instituto Nacional do Câncer), o apoio aos pacientes e familiares se torna algo cada vez mais necessário. Nesse sentido, a Liga de Combate ao Câncer de Bento Gonçalves endossa seu escopo de serviços oferecidos às crianças e adolescentes acometidos pela doença para amenizar o impacto do tratamento e de suas consequências na vida dessas famílias.
A entidade opera no sentido de orientar nas empresas e na comunidade sobre os sinais de alerta para os pais, conscientizar acerca da necessidade de visitas periódicas ao médico e acompanhar, disponibilizar e facilitar o tratamento. Além disso, atua no auxílio com medicações, deslocamentos para os centros de tratamento infanto-juvenil em Caxias do Sul e Porto Alegre, acomodação (tanto na Casa de Apoio em Bento Gonçalves quanto em locações próprias da Liga ou hotéis em Porto Alegre) e apoio psicológico.
Uma das principais preocupações da Liga, inclusive, envolve todo o contexto familiar do paciente. A entidade busca alcançar alimentação para a família, doação de brinquedos e ajuda em geral – visto que muitas mães acabam interrompendo o trabalho para cuidar dos filhos, necessitando de suporte para suprir as necessidades. A Liga enaltece, também, a compreensão de muitas empresas que entendem a situação, liberando os pais para que possam dar apoio e acompanhar os filhos. O pós-tratamento é outro tópico visto com atenção, com apoio no regresso e incentivo à recolocação no convívio social – até mesmo com indicações de cursos profissionalizantes.
“A Liga oferece um olhar amplo sobre o momento vivido pelo paciente e família, especialmente quando há irmãos mais novos, pois a atenção que acaba direcionada à criança ou jovem em tratamento interfere na relação familiar. Por isso, buscamos abrandar o contexto, ajudando pais, avós ou demais responsáveis a passar por essa situação de uma forma mais amena, tranquilizando e ofertando suporte à família como um todo”, explica a presidente da Liga, Maria Lúcia Severa.
Exemplo de superação na prática
Em 2016, a jovem Júlia Gujel, hoje com 18 anos, se tornou uma das pacientes auxiliadas pela Liga. Quando tinha 14, recebeu o diagnóstico de ‘Disgerminoma Ovariano’ – que, embora raro, é o tipo mais comum de câncer de celular germinativa do ovário, afetando adolescentes e mulheres jovens. Ao descobrir, a doença já estava no grau 3. “Fui diagnosticada de maneira rápida. Tive alguns sintomas como tontura e desmaio e meus pais me encaminharam ao médico. No mesmo dia fui internada no Hospital Tacchini e, no dia seguinte, levada ao setor de oncologia em Caxias do Sul. É uma doença silenciosa”, descreve.
No mesmo mês em que descobriu a doença, Júlia retirou de forma cirúrgica o ovário e passou parte do período de recuperação internada. “Foram oito meses de quimioterapias, até março de 2017. Tenho cinco anos de acompanhamento – estou no quarto ano, fazendo um check-up a cada seis meses”, conta. Nesse meio tempo, acabou interrompendo as idas à escola, mas manteve o ano letivo em casa. “Minha maior dificuldade era a debilitação. Tinha que usar máscara, pouco convívio social e vivia em isolamento”, relata.
Ao finalizar as quimios, começou o processo de reintegração social – momento que, desde o início, havia certeza que chegaria. “Logo que recebi o diagnóstico sempre pensei que o câncer não iria me vencer, nunca me deixei abater pela doença. Isso faz diferença positiva no fator psicológico”, comenta.
Parte desse bem-sucedido processo de recuperação deve-se, também, ao apoio encontrado na entidade. “Conheci a Liga e encontrei uma verdadeira família. Me ajudaram nos deslocamentos para Caxias, com exames, auxílio psicológico, medicações e introdução à capacitação em um curso de informática. A Liga transforma um momento difícil em amor, carinho e atenção”, destaca.
Atente-se aos sinais
Diferentemente do câncer em adultos, o infanto-juvenil geralmente afeta as células do sistema sanguíneo e os tecidos de sustentação – o que, geralmente, proporciona melhor resposta aos tratamentos atuais. Porém, é preciso que seja descoberto de forma precoce. Por isso, os pais devem estar alertas ao fato de que a criança não inventa sintomas. Ao sinal de alguma anormalidade, é preciso levá-las ao pediatra para avaliação. Na maioria das vezes, os sintomas estão relacionados a doenças comuns na infância, mas isto não deve ser motivo para descartar a visita ao médico.
De acordo com o INCA, a manifestação clínica dos tumores infanto-juvenis pode não diferir muito de doenças benignas (sem maior gravidade) comuns nessa faixa etária. Muitas vezes, a criança ou o jovem está em condições razoáveis de saúde no início do adoecimento. Por esse motivo, o conhecimento do médico sobre a possibilidade de ser câncer é fundamental.
Veja algumas formas de apresentação dos tumores da infância:
– Nas leucemias, a criança se torna mais sujeita a infecções, pode ficar pálida, ter sangramentos e sentir dores ósseas;
– No retinoblastoma, um sinal importante é o chamado “reflexo do olho do gato”, embranquecimento da pupila quando exposta à luz. Pode se apresentar, também, por meio de fotofobia (sensibilidade exagerada à luz) ou estrabismo (olhar vesgo). Geralmente acomete crianças antes dos três anos;
– Aumento do volume ou surgimento de massa no abdômen podem ser sintomas de tumor de Wilms (que afeta os rins) ou neuroblastoma;
– Tumores sólidos podem se manifestar pela formação de massa, visível ou não, e causar dor nos membros. Esse sintoma é frequente, por exemplo, no osteossarcoma (tumor no osso em crescimento), mais comum em adolescentes;
– Tumor de sistema nervoso central tem como sintomas dores de cabeça, vômitos, alterações motoras, alterações de comportamento e paralisia de nervos.
Para mais informações ou busca de auxílio, é possível contatar a Liga de Combate ao Câncer de Bento Gonçalves pelas redes sociais, telefone (54) 3451-4233 ou no site www.ligaccbg.com.br.