Muitas empresas têm declarado apoio à diversidade, à sustentabilidade ambiental e à redução das desigualdades de gênero e raça na atualidade. O Boticário, Magazine Luiza, Banco BV, Natura, Samsung, PepsiCo e outras são exemplos que têm revelado, inclusive em suas campanhas publicitárias, esses valores do novo milênio.
O posicionamento dessas empresas tem gerado, por um lado, simpatia e apoio, mas por outro, reações de objeção e polêmica. O mundo corporativo, assim como outras esferas institucionais, reflete essa polaridade. Ao lado de pessoas que reconhecem a potência da diversidade dentro das empresas, há uma cultura enraizada e temerosa quando há mudanças, composta por pessoas e grupos cuja necessidade de segurança só pode ser satisfeita com a garantia de valores tradicionais, de uma sociedade mais homogênea e linear, em que as hierarquias estejam pré-estabelecidas.
Essa igualdade de tratamento entre mulheres e homens e a equidade de oportunidades para ambos é um direito que vem sendo conquistado em todo o mundo, porém percebemos que essa inclusão não tem ocorrido nas melhores condições e ainda existem muitos desafios na conquista de direitos das mulheres no mercado de trabalho e ascensão de carreira.
De acordo com as estatísticas do Relatório Progresso das Mulheres do Mundo-2015/16-ONU-Mulher, as mulheres estão distantes dos cargos de liderança, ganham menos do que os homens em cargos iguais, sofrem com preconceitos e estereótipos e ainda são as principais responsáveis pelos trabalhos domésticos, cumprindo jornada dupla de trabalho, em muitos casos.
Mundialmente, a diferença salarial de gênero é de 24% e as mulheres ganham 76% a menos do que os homens. Esse percentual aumenta quando se trata de mulheres com filhos. Se o universo corporativo mantiver a tendência atual, seriam necessários mais de setenta anos para eliminar essa disparidade salarial de gênero.
Somado a isso, mantêm-se uma cultura corporativa com falta de estratégia para retenção de mulheres qualificadas e a falta de treinamento para lideranças femininas. Mas o objetivo deste artigo não é divulgar somente dados estatísticos e sim demonstrar que a equidade de gênero se torna um diferencial competitivo para melhor desempenho das empresas. Como assim?
Estudos realizados em Harvard, entre 2011 e 2014, evidenciam que mais diversidade de pensamento gera inovação e proporciona melhor entendimento do mercado. As mulheres se demonstram mais empáticas, flexíveis, intuitivas e com maior espírito colaborativo de equipe, trazendo ao mundo corporativo um equilíbrio e um novo perfil de liderança, consequentemente trazendo mais retorno financeiro para as empresas. A maioria da população mundial é de mulheres, consequentemente, deixá-las de lado é ignorar e não aproveitar metade dos talentos disponíveis.
E como fazer para alterar esse cenário, avançar e impulsionar os negócios?
Comece analisando seu local de trabalho e, ao perceber que estereótipos podem influenciar nas decisões estratégicas que tomamos, avalie a capacidade do profissional que atua em sua empresa, independente do gênero. Evite interromper a fala de colegas e reveja o regulamento interno sobre as regras aplicadas aos funcionários. Elas estão equiparadas? Forneça os créditos devidos a quem deu uma ideia inovadora ou resolveu um problema aparentemente sem solução. Isso fortalece o trabalho em equipe e faz com que todos os profissionais de sintam à vontade para compartilhar seus conhecimentos nos momentos oportunos.
No mundo corporativo não existe “sorte”, existe “trabalho”, que pode e deve ser desempenhando por qualquer pessoa que demonstre competência e conhecimento para isso. Imaginar e construir um futuro nos mesmos moldes do passado não é mais uma opção. Faz-se necessário pessoas diversas, com vivências e visões distintas nas tomadas de decisão, nas estratégias e nas inovações.
Não existe profissão ou atividade laborativa exclusiva para homem ou mulher. O papel que uma mulher representa na empresa deve ser definido pela sua competência. A cultura institucional deve assegurar que existam diretrizes para esse movimento de empoderamento feminino, já ratificado por Marina Grossi, presidente do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável), quando destaca que “a diversidade e a sustentabilidade devem andar juntas. Isso é bom para os negócios e o desafio é pensar em como unir metas e processos e de que forma podemos trabalhar juntos”.
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