Por Ancilla Dall’Onder Zat
Ao ensinar, todo professor deseja que o estudante aprenda. Esta expectativa nem sempre acontece, apesar dos esforços de ambos. É conhecida a comparação entre o vendedor que dizia ter passado o dia “a vender”, assim como o professor “a ensinar”. Os resultados dessas ações remetem a algumas questões. Alguém teria efetuado “compra”? O estudante aprendeu?
Na introdução de sua obra “Aprender… Sim, mas como?”, Philippe Meirieu lembra que “se pode aprender sempre e em todo lugar e esta atividade curiosa não se deixa limitar aos locais que lhe são atribuídos”. As circunstâncias atuais, de certa forma, confirmam esse pensar e suscitam algumas reflexões: Como organizar o ensino para o aprender? Como organizar-se para o aprender?
Recentemente, uma ex-aluna, estudante dedicada, publicou nas redes sociais “a lousa que era o tablet do meu pai que, por sua vez, herdou do nono, usando o cérebro como pendrive”. Dificuldades do passado mostram que, apesar dos percalços, aprenderam a ler e a escrever. Sucedeu à lousa de pedra o caderno pequeno, além do de caligrafia, o caderno de tamanho maior. A calculadora sucedeu o ábaco. O computador chegou, o celular e o tablet atuais estão em uso. Esta reflexão foi interrompida pelas manifestações de alegria de uma mãe, cujo filho recebera um celular para as suas aulas, doado, em nossa cidade, pelo poder público.
O uso dos recursos didáticos passou por uma evolução, da mesma forma que as metodologias, com suas estratégias e procedimentos didático-pedagógicos, se renovaram, especialmente com os avanços da Pedagogia e da Psicologia.
Da aula expositora, com memorização, repetição e passividade, passou-se para a interação, a interdisciplinaridade e a participação ativa, isto é, ao protagonismo do estudante, num avanço contínuo. Pode-se aprender de diferentes formas ou caminhos diversos, pois cada um é ímpar: ouvindo, observando, lendo, fazendo, participando ou até criando. Presencial ou remoto, o lugar e a forma não importam, se houver o envolvimento do aprendiz. Significa que também é preciso querer aprender.
O uso das tecnologias no ensino presencial ou remoto e híbrido acentua a necessidade do exercício das metodologias ativas, já estudadas e aplicadas em muitas instituições de ensino antes da pandemia. Estas metodologias buscam o protagonismo do estudante pela sua participação, individual ou coletiva, em projetos, solução de problemas, situações lúdicas em aula invertida. Nesta última, o estudante lê, estuda e se prepara para uma aula relativa ao tema. Todas elas requerem a vontade de aprender, a iniciativa, a busca e o envolvimento.
Janquiê Diniz sugere que “para aprender, é preciso querer aprender… e ter determinação”, enquanto Leonardo Da Vinci lembra que “aprender é a única coisa que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende”.
Percebe-se que o “como aprender” vai além de investimentos necessários, metodologias, formação de professores, tecnologias… requer também o encorajamento e apoio da família e da sociedade ao estudante para que este acredite na sua capacidade e tenha determinação para aprender.
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