“As mulheres removem pedras e plantam flores”, salienta a prefeita de Santa Tereza, Gisele Caumo. Nascida em Bento Goncalves, criada e estabelecida em Santa Tereza, Gisele tem muito trabalho pela frente para incrementar a economia do município, que vê sua população diminuir ano a ano frente a migração dos mais jovens em busca de trabalho em centros maiores. A Prefeita, formada em Administração de Empresas, conta que desde criança convive com a política, pois seu pai, Edemar Caumo, foi sub-prefeito de Santa Tereza, na época em que a comunidade pertencia a Bento Gonçalves. Ingressou na vida política nas eleições municipais de 2016, como candidata a Vereadora, sendo a mais votada. Como candidata a Prefeita, em 2020, venceu por 12 votos.
Nesse primeiro mês à frente da prefeitura, retomou as obras de uma praça na área de terra que sediava o camping municipal, às margens do rio Taquari, iniciada na ex-administração, com término previsto para o início do segundo semestre deste ano. Também em janeiro, esteve reunida com técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), se inteirando sobre formas de utilização do tombamento da área urbana do município como Patrimônio Histórico Cultural da Imigração Italiana, em 5 de novembro de 2010, para o bem comum da localidade.
Situação geográfica
Segundo o IBGE, a população de Santa Tereza, emancipada de Bento Goncalves em 1992, é de 1.738 habitantes. A economia local é liderada pelo cultivo de uvas e de hortifrutigranjeiros. A cidade não tem atraído empresas em função de sua logística rodoviária. A RS 444, que liga Santa Tereza ao Vale dos Vinhedos é bastante íngreme. Pela conexão com o Vale do Taquari, a estrada é de terra. Há anos, prefeitos de dez municípios, às margens do Vale do Taquari, reivindicam às esferas estadual e federal o asfaltamento de 61 quilômetros da rodovia, partindo de Ilópolis até Santa Tereza, para a implementação do roteiro turístico “Pelos Caminhos do Pão e do Vinho”.
Casas dos séculos XIX e XX
Em compensação, o tombamento da área urbana do município é um excelente atrativo turístico, ainda pouco explorado. O núcleo, às margens do rio Taquari, é composto por 25 casas de madeira e de alvenaria, construídas nos séculos XIX e XX, por imigrantes que vieram de regiões do norte da Itália. As edificações do núcleo urbano de Santa Tereza formam um conjunto expressivo da arquitetura ítalo-brasileira, sendo que a maioria permanece intacta. Após o tombamento, a cidade tem sido visitada por acadêmicos do curso de Arquitetura, de diversas faculdades.
Integração – Como te defines à frente do Executivo?
Gisele – Feliz e lisonjeada por estar representando a força feminina, com muita energia para trabalhar. De manhã bem cedo já estou na prefeitura. Santa Tereza sempre teve pai, hoje ela tem uma mãe. Ao assumir, minha primeira medida foi conversar com os funcionários. Sei que estou Prefeita. Os cargos são passageiros. O importante é deixar um legado. O nosso propósito é trabalhar para todos, de forma igualitária e transparente.
Integração – Como a política entrou na sua vida?
Gisele – Na verdade, a política sempre fez parte de meu dia a dia, em função do meu pai ter sido sub-prefeito de Santa Tereza. Ingressei no setor público como Secretária de Administração e Fazenda, no governo do ex-prefeito Diogo Siqueira, hoje à frente do executivo de Bento Gonçalves. Em 2016, concorri ao cargo de Vereadora, sendo a mais votada. Como candidata a Prefeita, venci, sendo mulher, uma continuidade de 12 anos de governo, numa região onde ainda prevalecem administrações públicas a cargos de homens. Além disso, estou muito feliz por estar servindo de inspiração a outras mulheres que desejam atuar nessa esfera.
Integração – Pretendes explorar o título que Santa Tereza ostenta como atrativo turístico?
Gisele – Sim, com certeza. O nosso patrimônio histórico realmente é um grande legado da imigração italiana, digno de ser visitado. Além disso, nas comunidades do interior, existem vários atrativos diferenciados, como a Gruta de Nossa Senhora da Uva. Mas, antes, precisamos preparar a comunidade para o turismo. Precisamos utilizar o tombamento para avançar, evoluir, e não para estagnar a cidade. O tombamento é vislumbrado de forma negativa por parte de alguns moradores. Vamos trabalhar junto com o IPHAN para mostrar tudo de bom que podemos atrair com ele. Também temos que aliar o turismo histórico ao rural, para o fortalecimento do interior. Somos uma cidade linda, encantadora, temos grutas, cachoeiras, pontes ferroviárias. Sempre digo que Santa Tereza foi abençoada por Deus no que se refere à natureza. Precisamos saber explorar as belezas naturais, sempre da forma correta, respeitando as questões ambientais. Vimos o turismo não só como fonte de incremento de renda, mas também como alternativa para que nossos jovens permaneçam aqui.
Integração – A prefeitura pretende apresentar projetos na esfera federal para a captação de recursos com base no tombamento, voltados a incrementar o turismo?
Gisele – Sim, com certeza. Na minha concepção, partido é para a gente se eleger e pleitear recursos. Fora isso, penso em atender todas as pessoas, minha forma de ver a política é assim. Todo o recurso pleiteado, seja de qualquer fonte ou partido, será muito bem-vindo ao município.
Integração – Há expectativa em relação a instalação de novas empresas na cidade?
Gisele – Sim. O município tem uma área própria destinada a esse propósito, na qual fez vários investimentos. Estamos dando sequência ao processo de instalação de uma empresa no local, iniciado na gestão anterior. Se trata de uma empresa fabricante de botas de borracha, que irá empregar em torno de 50 pessoas.
Integração – A escola de canoagem será reaberta?
Gisele – Com certeza. A canoagem já projetou o município no cenário internacional, com a participação de atletas locais em Olimpíadas.
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