Quem é amparado pelo trabalho voluntário recebe benefícios, claro. Mas aquele que estende a um necessitado também obtém ganhos especiais. Além de promover o autoconhecimento, praticar a solidariedade, amplia o sentimento de pertencimento à sociedade e ainda melhora a saúde mental.
Gestos de voluntariado são um estímulo ao desenvolvimento da empatia, característica essencial para a vida em sociedade. E mora aí o principal acréscimo que a solidariedade traz para o próprio voluntário: entender-se como relevante na engrenagem do mundo. “O ser humano é um ser social por essência. Saindo de nossas ‘bolhas’, fortalecemos nossa capacidade de vínculo, o que é fundamental na condição humana”, comenta a professora do curso de Psicologia da Universidade de Caxias do Sul (UCS) Maria Elisa Fontana Carpena.
Os benefícios passam ainda pela prevenção e até mesmo redução dos sintomas da depressão, explica a educadora. A sensação de pertencimento se encaixa também aqui, mas o principal fator é a mudança de foco. “No tratamento, é fundamental que o paciente dê a oportunidade para se envolver com outros assuntos”, diz. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que o Brasil é, atualmente, o segundo país das Américas com o maior número de pessoas diagnosticadas com depressão.
Pandemia reforçou percepções
De acordo com o estudo O Brasileiro e a Sociedade, da Locomotiva Pesquisa & Estratégia, em 2020, primeiro ano da pandemia do coronavírus, 72% dos brasileiros tiveram alguma atitude voltada à solidariedade. Além disso, 43% realizaram trabalhos comunitários em associações ou entidades, 32% praticaram voluntariado de forma individual e 30% contribuíram através da divulgação de campanhas.
O estudo mostra ainda que 71% dos brasileiros creem sair da pandemia mais generosos, 69% se veem mais preocupados com os outros e 61% consideram estar mais sensíveis aos problemas sociais do Brasil. Por fim, 74% das pessoas que receberam algum tipo de auxílio afirmam que faltaria dinheiro para comprar comida, caso não tivessem recebido doações, e 62% retribuíram o gesto na sequência, quando foi possível, criando-se assim uma cadeia para “fazer o bem” em um dos momentos mais conturbados da contemporaneidade.
Os dados corroboram a visão da professora. Ela acredita que a pandemia nos colocou em contato com a vulnerabilidade, estimulando-nos a ajudar os outros. “Nos disponibilizarmos ao outro passou a ser uma forma de também exercitarmos o que gostaríamos que acontecesse conosco, já que estávamos no mesmo barco”, analisa.
A educadora alerta, entretanto, para a importância do comprometimento e da continuidade nas práticas solidárias, que devem ser desempenhadas com seriedade, da mesma forma como todas as ações cotidianas. “O voluntariado deve ser visto como compromisso com nós mesmos e depende também da organização de rotina e do nosso dia a dia”, diz Maria Elisa.
Como colocar o voluntariado em prática
Em Bento Gonçalves, quem estiver interessado em exercer sua solidariedade encontra respaldo na Parceiros Voluntários. A ONG, mantida pelo Centro de Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG), se constitui na ponte que leva bem-estar social para quem precisa através de quem pode colaborar. Pessoas físicas e jurídicas podem atuar como voluntários, seja na contribuição de valores para os projetos da entidade, seja participando de ações solidárias. Para ser voluntário como pessoa física, é preciso fazer um cadastro no site da ONG (parceirosvoluntarios.org.br). Logo após, a Parceiros entrará em contato para explicar os processos e direcionar o voluntário à entidade que necessita de ajuda.
O mesmo procedimento serve para as pessoas jurídicas. A empresa pode construir um projeto dentro da própria empresa ou orientar seus colaboradores para atuarem em iniciativas voluntárias em outras organizações que precisem de apoio. Outras informações podem ser obtidas pelo whats 54 99691-9251.
Imagem: freepik
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