Lei de Incentivo à Cultura no restauro da Casa da Memória Merlin

Na ocasião da inauguração do restauro da Casa da Memória Melin, a secretária estadual de Cultura, Beatriz Araujo ressaltou que o Governo do Estado apoia e admira iniciativas de preservação da memória e do patrimônio. “Para nós, é de extrema importância perceber que os municípios fazem uso da LIC para viabilização de ações que preservam as diferentes culturas do Rio Grande do Sul, tornando nosso Estado cada vez mais atraente, tanto para os cidadãos gaúchos continuarem a desenvolver suas atividades criativas como para os visitantes*, afirmou Beatriz Araujo.

Segundo a secretária Beatriz Araujo, o momento é de celebrar. “Eu participei da criação dessa Lei de Incentivo à Cultura e, à época, busquei uma diferenciação para este segmento de Patrimônio. A recuperação de patrimônio tem um incentivo maior do Estado: a contrapartida é menor do que a contrapartida que as empresas devem dar para outros segmentos”, relata.

Beatriz Araujo explica que essa diferenciação ocorre pelo fato de que as ações de preservação de patrimônio não têm um impacto midiático com grande visibilidade para as empresas. “São ações perenes que preservam memória, que preservam afeto. São histórias de famílias como essa que nós temos aqui, hoje, preservadas, e que ficam disponibilizadas para a sociedade local e a todos aqueles que vêm visitar Bento, visitar a região e se sentirem acolhidos por essa história repleta de afetos”, afirma.

Missão cumprida

“É um orgulho estarmos concretizando este projeto, iniciado em 2017. De lá para cá, conquistamos a confiança dos nossos patrocinadores, que acreditam no valor histórico da Casa Merlin para o munícipio. O restauro é história, é legado que vamos deixar para o futuro de nossas gerações”, ressaltou a presidente da Associação dos Caminhos de Pedra, Maristela Pastorello Lerin.

O prefeito de Bento Gonçalves, Diogo Siqueira, destacou a importância do restauro na valorização de obras no distrito de São Pedro, que sediou os barracões onde os imigrantes eram alojados até serem estabelecidos nas áreas adquiridas do Governo Federal, pagas a longo prazo. “Em nome da população de Bento Gonçalves, agradecemos a iniciativa da Associação Caminhos de Pedra, a viabilização pelo Governo do Estado, pelo Programa Pró Cultura e as empresas apoiadoras”, acentuou.

Lembranças de férias no interior

Alcides Pedro de Melo Merlin, um dos herdeiros da casa, destacou o comodato do imóvel como forma de valorizar e compartilhar o valor cultural da edificação. “Passei parte das férias de minha infância nesta casa. Daqui são algumas das minhas melhores lembranças. Nossa família morava em Porto Alegre. Meu pai comprou a casa para utilizarmos a propriedade como sítio. Lembro dele tirando reboco de tintas das pedras de basalto, para restabelecer o aspecto original da construção, em memória aos ancestrais. Também em honra a essa memória, nos desapegamos do uso exclusivo do imóvel”, afirmou.

Patrocinadores do Restauro

O restauro da Casa da Memória Merlin foi executado pela Lei de Incentiva à Cultura (LIC) e tem como patrocinadores Malharia Anselmi, Cavaletti Cadeiras Profissionais, Ferrari Válvulas, Orquídea, Pro Marmo Comércio de Mármores, Supermercados Grepar, Vinhos Don Laurindo, Limpacto Comércio de Produtos de Limpeza e Casa Di Paolo.

Roteiro turístico Caminhos de Pedra

Idealizado pelo empresário Tarcísio Vasco Michelon e pelo arquiteto Júlio Posenato o roteiro Caminhos de Pedra foi instituído para resgatar, preservar e dinamizar a cultura que os imigrantes italianos trouxeram à Serra Gaúcha a partir de 1875.

Eles conceberam o Roteiro a partir do levantamento do acervo arquitetônico do interior de Bento Gonçalves, em 1987. Na pesquisa, foi constatado que a Linha Palmeiro e parte da Linha Pedro Salgado, área abrangida basicamente pelo Distrito de São Pedro, composto por sete comunidades (São Pedro, São Miguel, Barracão, São José da Busa, Cruzeiro, Santo Antônio e Santo Antoninho) possuía o maior acervo de casas antigas, conservava sua cultura e história, tinha acesso fácil e, consequentemente, um grande potencial turístico, apesar da decadência e abandono porque vinha passando desde a década de 1970.

Acervo arquitetônico

Esse precioso acervo material, parcialmente abandonado e esquecido, exigia uma ação rápida para não ter a mesma sorte de tantas casas de pedra, madeira e alvenaria que acabaram ruindo ou sendo demolidas. Com recursos do Hotel Dall’Onder, foram restauradas as quatro primeiras casas, que passaram a receber visitação. Outras tiveram obras emergenciais. O primeiro grupo de turistas proveniente de São Paulo, através da Operadora CVC foi recebido na Casa Merlo, Casa Bertarello, Ferraria Ferri e Cantina Strapazzon, em 30 de maio de 1992.

Associação

O sucesso do novo roteiro animou tanto os idealizadores como a comunidade. Com assessoria do Sebrae, em 10 de julho de 1997 foi fundada a Associação Caminhos de Pedra, congregando empreendedores e simpatizantes. Foi montado, na ocasião, um projeto abrangente que contemplava o resgate de todo o patrimônio cultural, não só o arquitetônico, envolvendo língua, folclore, arte, habilidades manuais, entre outros. O projeto foi aprovado pelo Conselho Estadual de Cultura em 10 de agosto de 1998, passando a captar recursos das empresas locais através da recém-criada Lei de Incentivo à Cultura do Estado do RS (LIC).

Patrimônio histórico

Em 2009, o roteiro foi declarado Patrimônio Histórico e Cultural do Rio Grande do Sul por lei da Assembleia Legislativa do Estado.

O Roteiro, com 28 pontos de visitação, é considerado pioneiro no Brasil em termos de turismo rural e cultural. Anualmente recebe, em média, cerca de 100.000 turistas.

Legendas:

1) Secretária Estadual de Cultura, Beatriz Araujo – Foto: Rodrigo De Marco

2) Presidente da Associação Caminhos de Pedra, Maristela Pastorello Lerin – Foto: Rafael Varela

3) Prefeito de Pinto Bandeira, Hadair Ferrari e prefeito de Bento Gonçalves, Diogo Siqueira – Foto: Kátia Bortolini

4) Alcides Pedro Merlin e família, com o empresário Tarcísio Michelon – Foto: Kátia Bortolini

5) Idealizador do Roteiro Caminhos de Pedra, Tarcísio Michelon, junto ao quarteto de cordas do Instituto que leva seu nome – Foto: Kátia Bortolini