A prorrogação da bandeira preta no Rio Grande do Sul até o dia 21 de março, o endurecimento das medidas restritivas e a imposição de penalidades para quem não cumprir a determinações firmadas pelo governador Eduardo Leite colocam os setores econômicos dos municípios sob a pressão de um cenário extremo. A atuação restritiva no modelo de Distanciamento Controlado, aliada a decretos que suspendem as atividades, têm imposto severas dificuldades num cenário que já era de lenta recuperação. Hoje, o desenho é de um cenário insustentável.
Por isso, entidades empresariais de Bento Gonçalves estão se juntando para manifestar sua contrariedade com a situação e se empenhando para que seja evitado o lockdown, prática que ainda mais restritiva do que o atual contexto, uma vez que prevê o fechamento de todos os setores e que já está sendo ventilada para ser adotada no Estado.
O Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG), o Bento Convention Bureau, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Bento Gonçalves (CDL-BG), o SEGH Região Uva e Vinho, o Sindilojas Regional Bento, a Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul – MOVERGS e o Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves – Sindmóveis defendem a manutenção das atividades econômicas de forma responsável, pois entendem que os setores cumprem e oferecem cuidados a trabalhadores e clientes, respeitando e adotando todas os protocolos sanitários.
O lockdown para um país como o Brasil, sem infraestrutura social e econômica para absorver uma medida como essa, significaria um agravamento da crise em instância jamais vista, acarretando ao fechamento de empresas e ao aumento do desemprego, deixando milhares de famílias sem renda. Em agravante, as imposições ferem de forma inaceitável a liberdade do cidadão em inúmeras esferas: seu direito de ir e vir, seu poder de escolha e, especificamente, o direito de trabalhar, no caso daqueles que atuam com o comércio de bens e prestação de serviços arbitrariamente qualificados como não-essenciais em uma visão distorcida do Governo. Esse conjunto de restrições compromete em demasia o bom desenvolvimento da sociedade.
Sabe-se que o momento da saúde é extremamente delicado e, por isso, nossos esforços estão concentrados em evitar que a sociedade seja submetida ao agravamento, também, da crise econômica. Há formas de evitar essa medida extrema com o cumprimento dos protocolos de segurança, a partir da obediência ao distanciamento social, ao uso de máscara e à utilização álcool gel, a fim de conter a disseminação do vírus. Ademais, o diagnóstico e o tratamento imediatos também se configuram em importantes meios de evitar o contágio com o vírus.
O cenário atual exige responsabilidade de todos, da sociedade, principalmente no cumprimento dos protocolos sanitários, e dos governos municipal, estadual e federal, que precisam ampliar equipes de saúde e leitos hospitalares e investir em vacinação, além de prorrogar impostos e facilitar o acesso ao crédito. Outrossim, as entidades que assinam esse documento entendem como necessária a volta da cogestão no modelo de Distanciamento Controlado, pois entendem que podem realizar a tangível leitura do cenário regional a partir de suas realidades locais. Essa ferramenta compartilhada de gestão tem se mostrado eficaz no combate à pandemia e na manutenção das atividades econômicas, oportunizando renda, dignidade e preservação de vidas.
É imperioso, neste momento, a adoção de medidas coletivas e equilibradas no enfrentamento à pandemia, que vão ao encontro dos interesses da classe produtiva e da população, promovendo saúde e trabalho de forma conjunta, e não separadamente, pois um interdepende do outro. Não podemos simplesmente fechar. Não podemos simplesmente ser impedidos de trabalhar. Trabalhar não é crime, como está sendo sentenciado indevidamente pelo Governo do Estado do RS. Pelo contrário: precisamos de apoio para permanecermos abertos e produzindo, salvando vidas e a economia brasileira. Trabalho é vida, não ao lockdown.
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